Ao menos 75 pessoas morreram nesta terça-feira em diferentes ataques a bomba ocorridos em Bagdá. Na pior ação, duas explosões atingiram a Universidade de Mustansiriya, ao nordeste da capital, matando 60 pessoas e ferindo 110, segundo informações do Ministério do Interior.
No ataque, um suicida detonou explosivos presos ao corpo em frente à universidade. Em seguida, um carro-bomba estacionado explodiu sob uma passarela usadas por estudantes.
Policiais cercaram a universidade, enquanto feridos eram retirados do local em carros de polícia e ambulâncias. A escola fica em Sadr City, bairro de maioria xiita considerado bastião do Exército de Mahdi, milícia armada ligada ao clérigo radical Muqtada al Sadr.
Em um segundo ataque nesta terça-feira, duas bombas foram detonadas em um mercado de motos usadas no centro de Bagdá, matando ao menos 15 pessoas e ferindo 74.
A primeira bomba foi deixada sobre uma motocicleta no local. Em seguida, um suicida em um carro-bomba jogou o veículo contra a multidão e detonou os explosivos dentro do carro.
Segundo autoridades, ao menos três policiais estão entre os mortos.
Aparentemente, o alvo do ataque era a região xiita próxima do mercado, mas que também fica perto da mesquita do xeque Al Gailani, um dos principais templos sunitas de Bagdá.
Raad Abbas, 26, que ficou levemente ferido nos ataques, disse que tinha ido até o mercado porque a cidade estava mais tranqüila nas últimos duas semanas.
"Pouco depois do meio-dia, eu ouvi uma explosão e, em seguida, vi motocicletas voando pelo ar, pessoas mortas e muitos feridos. Algumas pessoas tentavam me ajudar quando ouvi a segunda explosão. Em seguida, acordei aqui no hospital", disse ele em sua cama no hospital Al Kindi.
Mortes de civis
Os novos ataques ocorrem no mesmo dia em que o chefe da Missão de Assistência para o Iraque da ONU (Organização das Nações Unidas), Gianni Magazzeni, anunciou as mortes de 34.500 mil civis no Iraque em 2006.
O número fica bem acima dos cerca de 12 mil divulgados anteriormente pelo governo iraquiano.
Segundo Magazzeni, 34.452 civis morreram e 36.685 ficaram feridos no país em 2006, segundo dados do Ministério iraquiano da Saúde e do IML (Instituto Médico Legal) de Bagdá. "Sem avanço significativo na imposição da lei, a violência sectária continuará indefinidamente", disse.
De acordo com o chefe da missão da ONU, 6.376 civis morreram de forma violenta entre novembro e dezembro no Iraque 4.731 em Bagdá, em sua maior parte em ataques a tiros.
Ele ressalta que houve uma ligeira queda no número de mortes em relação aos dois meses anteriores, durante o qual se registrou 7.047 mortes entre civis.
Violência
Grande parte da violência é atribuída às milícias xiitas, em particular o Exército de Mahdi, grupo leal ao clérigo radical Muqtada al Sadr, aliado do premiê iraquiano, Nouri al Maliki. Dezenas de corpos são encontrados diariamente nas ruas de Bagdá, muitos deles com sinais de tortura.
"As principais causas da violência sectária estão nos assassinatos por vingança e na sensação de impunidade devido às constantes violações aos direitos humanos", disse a agência da ONU, pedindo que o governo do Iraque aumente os esforços para restaurar e a lei e a ordem.
O Ministério iraquiano da Saúde não confirmou os dados contidos no relatório, mas o governo já refutou dados anteriores divulgados pela ONU, qualificando-os de "imprecisos e exagerados".
Segundo o relatório da ONU, cerca de 30 mil pessoas estavam detidas no Iraque em 31 de dezembro 14 mil em prisões administradas pelas forças multinacionais lideradas pelos EUA.
Folha Online