O Corpo de Bombeiros suspendeu por pelo menos três dias as buscas às pessoas dadas como desaparecidas no desabamento que abriu uma cratera nas obras do Metrô de São Paulo, alegando que o surgimento de rachaduras no local pode levar a novos desabamentos durante os trabalhos das equipes de resgate. O coordenador da Defesa Civil, coronel Jair Paca de Lima, afirmou que os trabalhos de reavaliação do local recomeçam às 8h.
O anúncio, feito no começo da madrugada desta terça-feira pelo responsável do Consórcio da Linha Amarela nas buscas, Marcio Pelegrini, revoltou parentes das pessoas ainda desaparecidas que acompanhavam as buscas no local. Os familiares foram informados sobre a decisão pela imprensa, somente 30 minutos após o anúncio.
Parentes do motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40 anos, disseram ter recebido o pedido de representantes do consórcio para "não falar com a imprensa". Pelo menos cinco pessoas estão sumidas, provavelmente sob os escombros. Dois corpos foram encontrados nesta segunda-feira, mas apenas um foi resgatado – trata-se da aposentada Abigail Rossi, enterrada na noite do mesmo dia. A outra vítima foi localizada no interior da van que segue soterrada e onde estariam até quatro pessoas.
Os cerca de dez familiares das pessoas desaparecidas reclamaram da falta de atenção dada pelo consórcio, muitos choraram ao receber a informação da paralisação do trabalho do Corpo de Bombeiros. Houve um princípio de tumulto.
Eles permanecem em uma tenda erguida pela empresa do microônibus Transcooper, na rua Capri, um dos acessos ao local do acidente. Os familiares dizem que o Consórcio Via Amarela deu apenas um quarto de um flat aos parentes e que chega a ser desumana a forma como eles e as pessoas desaparecidas estão sendo tratadas.
Resgate só recomeça quando houver condições de segurança
No anúncio da interrupção dos trabalhos de resgate, feito por meio de entrevista coletiva no local da cratera, o representante do consórcio informou que as novas rachaduras foram detectadas no fim da tarde de segunda-feira nas paredes do túnel por onde as equipes tentam retirar a van soterrada na última sexta-feira.
O Corpo de Bombeiros só voltará a trabalhar quando o consórcio Via Amarela declarar que existem condições de segurança para a retomada das buscas. Está definido que o trabalho de escavação será ampliado para remover o entulho que está em volta da cratera.
O secretário de Segurança de São Paulo, Ronaldo Marzagão; o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel João dos Santos; e o secretário de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey, vistoriaram o túnel para verificar as condições de trabalho e definir os próximos passos.
Casas ainda permanecem interditadas
Nesta segunda-feira, a Defesa Civil informou que 45 casas ainda estão interditadas e cinco estabelecimentos comerciais foram liberados. Desde sábado duas casas e um estacionamento foram demolidos e mais duas prontas para a demolição, aguardando apenas a avaliação dos engenheiros.
Redação Terra