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Buscas na cratera do metrô só serão retomadas no final da semana

O risco de novos deslizamentos de terra fez as equipes do Corpo de Bombeiros suspenderem às 22h desta segunda-feira (15) as buscas pelas vítimas soterradas no d

O risco de novos deslizamentos de terra fez as equipes do Corpo de Bombeiros suspenderem às 22h desta segunda-feira (15) as buscas pelas vítimas soterradas no desabamento do canteiro de obras da estação Pinheiros de metrô (zona oeste de São Paulo).

Segundo o Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras, os trabalhos de busca só devem ser retomados no final desta semana.

Victor R. Caivano/AP

Equipes trabalham em área de desabamento em busca de vítimas soterradas
"Estamos preocupados em não aumentar a dimensão do acidente. Se não assegurarmos o local de trabalho dos bombeiros, podemos agravar a situação", afirmou Márcio Pellegrini, consultor técnico do Consórcio Via Amarela, em entrevista coletiva na madrugada desta terça.

O consultor disse que o trabalho para reforçar as paredes dos túneis escavados pelos bombeiros e garantir a segurança das equipes deve durar "no máximo três ou quatro dias".

Segundo uma nota distribuída pelo Consórcio, o risco de desabamento para os bombeiros nos últimos dias passou a ser "altíssimo".

Na tarde de domingo (14), um dos túneis da linha Amarela deslizou e interrompeu uma das frentes do resgate. Segundo a nota do consórcio, a situação agravou-se na segunda, quando a parede rochosa do lado esquerdo da escavação começou a apresentar "trincas e quedas de blocos", "desestabilizando ainda mais as condições de sustentabilidade da escavação".

O comandante do Corpo de Bombeiros da Grande São Paulo, coronel João dos Santos Souza, aceitou a recomendação da equipe de consultores técnicos do consórcio e suspendeu temporariamente as buscas. "Só vamos voltar depois que o consórcio deixar o local em segurança", afirmou.

Nesta segunda-feira, duas mortes foram confirmadas pelos bombeiros. A primeira foi a da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, que caminhava pelo local no momento do desmoronamento. Ela foi sepultada à tarde no Cemitério Santo Amaro (zona sul), com despesas pagas pelo consórcio.

Um corpo de outra mulher foi encontrado dentro da lotação, mas não foi retirado do local, devido ao risco de deslizamento, e nem identificado. Além dela, pelo menos outras cinco pessoas estão soterradas.

Causas

Na coletiva à imprensa, os representantes do consórcio recusaram-se a comentar sobre as possíveis causas do acidente. "As perguntas sobre a obra só serão respondidas, com argumentos técnicos, após o resgate das vítimas", afirmou Pellegrini.

O consultor disse que o silêncio era "uma posição tomada em respeito às vítimas e às famílias". Mas ele não esclareceu o que sua recusa em comentar a obra tinha a ver com o respeito às vítimas.

Na sexta, a chuva foi apontada pelo consórcio que realiza as obras como causa do desabamento. Nesta segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), disse que só as chuvas não poderiam ter causado o acidente, culpando também o processo de engenharia pelo desabamento.

Goldman, no entanto, evitou apontar um culpado específico pelo desastre. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse o vice, que também é engenheiro formado pela USP (Universidade de São Paulo).

O engenheiro José Tadeu da Silva, presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo) de São Paulo também afirmou que a chuva não pode ser a única culpada pelo acidente. Para ele, as condições do solo podem ser o principal fator para o desabamento.

"O que sabemos é que o solo dessa região de planície [Pinheiros] é formada de argila, terra, areia e rocha. A chuva pode ter agravado as condições do solo, fazendo subir o lençol freático, se infiltrando na areia, que pressionaria a rocha. Tudo isso pode ter causado o acidente".

Investigação

O deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) deve começar a buscar a partir do próximo dia 22 assinaturas para pedir a abertura de uma CPI focada nas obras do metrô paulista. De acordo com a assessoria do deputado, a comissão deve questionar o nível de segurança e os métodos de construção da linha do metrô, que já havia sido objeto de denúncia do Sindicato dos Metroviários. Na sexta-feira, horas depois do acidente, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar as responsabilidades sobre o acidente.

Danilo Verpa/Folha Imagem

Bombeiros resgatam corpo de vítima de desabamento na obra da linha 4 do metrô
A Polícia Civil também investiga o caso. O secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, disse que o inquérito apura, além das causas do acidente, as responsabilidades pelas mortes.

O Ministério Público já abriu dois procedimentos para investigar as obras da linha 4. O primeiro havia sido iniciado no ano passado, quando rachaduras foram encontradas em casas da região de Pinheiros. O segundo foi aberto no dia do acidente, pela promotoria da cidadania. Um terceiro deve ser aberto pela promotoria criminal quando o número de mortos for confirmado.

Trânsito

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) liberou por volta das 17h de segunda a pista expressa da marginal Pinheiros. A via estava fechada devido ao acidente nas obras. Ainda não há previsão para a liberação da pista local da marginal.

Na sexta-feira, a via foi fechada e liberada várias vezes até ser interditada em definitivo no início da noite. No sábado, o prefeito chegou a avaliar a possibilidade de retomar o rodízio na cidade, caso a marginal permanecesse interditada por mais tempo. No domingo, porém, ele afirmou que a operação suspensa devido às férias escolares será retomada no dia 29 de janeiro, conforme previsto antes do acidente.

Imóveis

Equipes da Defesa Civil começaram nesta segunda-feira a avaliar os imóveis interditados na última sexta-feira devido ao desabamento nas obras da linha 4-Amarela do metrô. No total, 55 foram interditados três residências já foram condenadas, na rua Capri.

Cinco casas já foram liberadas para ocupação. Alguns imóveis comerciais também foram liberados. 

Folha Online

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