O futuro pedido de extradição dos fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandes, detidos no presídio federal de Miami (EUA), não implicará o retorno imediato do casal ao Brasil. Antes, eles terão de resolver suas pendências com a Justiça norte-americana.
Há uma semana, quando foram detidos no aeroporto de Miami, na Flórida, com mais dinheiro do que haviam declarado, Estevam, 52, e Sônia, 48, passaram a responder nos EUA por eventual crime de lavagem de dinheiro, de contrabando de papel-moeda e de depoimento falso à polícia.
O Ministério Público de São Paulo, que os denunciou por lavagem de dinheiro, pediu então a prisão preventiva e a extradição do casal. O juiz da 1ª Vara Criminal paulista, Paulo Rossi, decretou a prisão e ainda analisa eventual extradição.
Desde 1962, Brasil e EUA têm um acordo de colaboração em casos de extradição. A Justiça norte-americana, no entanto, deverá esperar a condenação ou a absolvição para depois avaliar uma extradição.
Se, depois de cumprida eventual pena, o pedido de extradição for negado, os Hernandes serão submetidos à imigração, que terá de avaliar a situação deles antes de deportá-los.
Segundo especialistas em direito norte-americano ouvidos pela Folha em Miami, dos crimes de contrabando de dinheiro e depoimento falso à polícia, este último é o mais grave. Depois dos ataques de 11 de Setembro, o setor de imigração, para quem o casal mentiu ao dizer que tinha menos de US$ 10 mil (tinham US$ 56.467), passou a ser mais rigoroso. "A situação é extremamente complicada, há várias exceções", disse o advogado Joel Stewart.
A primeira audiência do casal na Justiça está prevista para o dia 24. Alicia Oliveira Valle e Mauricio Aldazabal, advogados do casal, mais uma vez não responderam aos pedidos de entrevista. Como o retorno do casal não será imediato, o advogado Luiz Flávio DUrso deverá recorrer da prisão decretada no Brasil no Superior Tribunal de Justiça somente no final deste mês, após o recesso judicial.
Folha Online