Os números assustam quando o assunto é ataque de tubarão a banhistas e surfistas nos balneários da região metropolitana do Recife. As praias de Boa Viagem e Pina (Recife), Piedade e Candeias (Jaboatão dos Guararapes), um dos principais cartões postais de Pernambuco, amargam a triste liderança no ranking nacional em ataques de tubarão. De acordo com o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), o ano de 2006 fechou com 50 ataques, sendo 17 mortes, desde que começaram a ser contabilizados, em 1992. A maioria dos casos foi na Grande Recife.
As vítimas recorrentes dos tubarões são banhistas e surfistas do estado e de outras regiões do País. Dos 50 ataques, 47 (94%) ocorreram em um trecho de cerca de 20 quilômetros de litoral, entre as praias do Paiva (Cabo de santo Agostinho) e do Pina (Recife), com três incidentes registrados fora dessa área: Na praia de Del Chifre, em Pau Amarelo (Paulista), em Pontas de Pedra, Goiana.
A lista das espécies de tubarões que margeiam as praias do grande Recife não é pequena, são 10, segundo o Cemit. No entanto, dois tipos de tubarões preocupam os especialistas, por apresentarem um comportamento mais agressivo: o tubarão Tigre (Galeocerdo cuvier) e o cabeça-chata (Carcharhinus leucas). O tamanho dos animais varia de um a três metros de comprimento.
Segundo o presidente do Cemit, Fábio Azin, o Grande Recife é uma das áreas do mundo onde existe uma elevada incidência de ataques de tubarões. Os números se assemelham aos da Autrália, África do Sul, e os Estados Unidos. "O tubarão tem uma altíssima capacidade olfativa. Ele é capaz de perceber uma gota de sangue a uma distância de 1000 metros". Explicou.
Segundo o presidente do Cemit, Fábio Azin, as causas dos ataques de tubarão envolvem um conjunto de fatores, que vão desde a degradação ambiental, e o aumento de banhistas que ocupam o habitat natural dos peixes. "Existe uma série de fatores que se combinam para que a gente tenha a ocorrência dos ataques. Dentre eles, a construção do porto de Suape, que acabou com parte dos mangues onde os tubarões também se alimentam, a presença de um canal profundo, adjacente às praias, a poluição do rio Jaboatão, que desemboca no mar, e o aumento de banhistas e surfistas ao longo do tempo", destacou.