Sônia Hernandes, fundadora da Igreja Renascer, foi solta em liberdade condicional ontem de manhã da prisão para imigrantes em que estava detida em Miami, nos Estados Unidos. Seu marido, Estevam Hernandes, também líder da igreja, havia sido solto na noite de quinta-feira de outro presídio, o Krome Service Processing Center, na mesma cidade. A decisão teria partido da própria Polícia de Imigração dos EUA. Nenhum deles pagou fiança, o que havia sido feito na semana anterior, quando foram transferidos de uma prisão federal para a de imigrantes.
Eles estão dentro do chamado programa de supervisão intensiva e terão de usar braceletes com chips para que seus movimentos sejam monitorados, além de se recolher em casa antes das 17 horas. As autoridades não informaram qual o destino do casal até o dia da audiência que têm com a Justiça americana no dia 24. Os Hernandes têm parentes no sul da Flórida, inclusive uma nora em Orlando, a 300 quilômetros de Miami.
A liberdade de Sonia e Estavam não interferirá no processo de extradição que corre na Justiça brasileira (veja abaixo). Não há alteração nenhuma e o processo continua, diz Lemos. De acordo com o promotor do Gaeco, os Hernandes não podem deixar os EUA. Sônia e Estevam foram presos no aeroporto de Miami ao tentar entrar nos Estados Unidos com dólares escondidos na bagagem. O casal havia declarado apenas U$ 10 mil de um total de US$ 56,5 mil.
Apesar de postos em liberdade, Lemos não acredita que eles tentem fugir. Eles serão bem monitorados pelas autoridades americanas e brasileiras.
Desde que as denúncias contra os fundadores da Renascer começaram a surgir, freqüentadores e funcionários de suas igrejas passaram a procurar o Ministério Público para confirmar e fazer novas denúncias contra os Hernandes.
O advogado do casal, Luiz Flávio DUrso, presidente da OAB-SP, afirma que o casal já está em liberdade em território americano, no entanto, nega a condicional. Não confirmo isso, diz. DUrso afirma não ter informações sobre qualquer tipo de restrição imposta pelo judiciário americano, nem sabe informar a localização atual do casal.
Durante a tarde de ontem, informações davam conta de que o casal teria ido para sua mansão em Boca Raton, litoral do Estado da Flórida, depois de libertados.
Contradição
Quanto ao pedido de extradição, o advogado alega que não deve ser acolhido pela Justiça americana. Segundo DUrso, a extradição não pode acontecer, uma vez que o tratado entre Brasil e Estados Unidos não contempla o crime de lavagem de dinheiro, ao qual o casal responde. O pedido contraria esse tratado, que não elenca a lavagem de dinheiro no rol de crimes passíveis de extradição.
Nesta semana, o pedido de habeas-corpus que tentava impedir a extradição do casal foi negado pela Justiça brasileira. A decisão do desembargador Ubiratan de Arruda é provisória e ainda não há previsão para o julgamento de mérito.
No entanto, a defesa dos líderes da Renascer não desiste de impedir a volta forçada do casal ao Brasil. Entrei com um recurso para o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, para que não dê prosseguimento a esse processo, revela DUrso.
Na quarta-feira, os Hernandes devem comparecer a uma audiência na Justiça Federal daquele país para decidir seu futuro.