Policiais da Delegacia de Roubo a Bancos o Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado) detiveram na manhã desta terça-feira quatro líderes da ONG Nova Ordem, acusados de envolvimento o PCC (Primeiro Comando da Capital). As investigações também apontaram a ligação dos presos com o seqüestro do repórter Guilherme de Azevedo Portanova, 30, e do auxiliar-técnico Alexandre Coelho Calado, 27, ambos da TV Globo, entre os dias 12 e 14 de agosto de 2006.
As equipes cumpriram 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo e em Santos (litoral paulista). De acordo com o Deic, foram detidos o presidente da ONG, Ivan Raymundi Barbosa, e os diretores Anderson Luis de Jesus e Simone Barbaresco. A advogada Iracema Vasciaveo também está detida no Deic.
Iracema presta assistência jurídica a presidiários e era investigada pelo Ministério Público. Ela era a porta-voz dos presos do CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de São Paulo) que realizaram greve de fome em novembro de 2006. Entre os detentos em greve estava Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o chefe do PCC.
Em maio, após uma reunião de Irecema com Marcola, os ataques do PCC às forças policiais do Estado foram suspensos.
Já o presidente da ONG foi um dos primeiros a anunciar que os ataques foram uma represália contra tortura e maus-tratos dentro de presídios paulistas.
Na operação de hoje os policiais apreenderam computadores e grande quantidade de documentos. Ao menos 42 investigadores da Delegacia de Roubo a Bancos trabalharam na chamada "Operação Nova Ordem".
Seqüestro
Portanova e Calado foram rendidos e obrigados a entrar em um Vectra na manhã do último dia 12 de agosto, véspera do Dia dos Pais, em uma padaria próxima à emissora, na zona sul da cidade.
Mais tarde, à noite, os criminosos libertaram Calado nas proximidades da emissora com um DVD e a incumbência de garantir a exibição da filmagem, em troca da liberdade do colega. A exigência foi atendida horas depois.
No DVD, um suposto integrante do PCC aparece em frente a uma parede pichada com a sigla da facção e lê uma carta com críticas ao sistema penitenciário brasileiro e ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), que impõe regras mais rígidas aos presos.
Portanova foi libertado 24 horas após a transmissão do vídeo. Nenhum dos dois ficou ferido.
Folha Online