Pesquisadores brasileiros começam em fevereiro a testar substâncias com potencial atividade anti-HIV em animais, células humanas e tecido humano. O objetivo do estudo é produzir um microbicida, um produto para ser usado na área genital que possa prevenir contra o vírus da aids. A iniciativa é uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) e o centro inglês Saint Georges Medical School.
A primeira substância a ser testada é um composto químico chamado dolabelano diterpeno, extraído de algas marinhas de origem brasileira. "O desenvolvimento de um microbicida anti-HIV significará uma grande economia para o país, que gasta quase R$ 1 bilhão por ano com a compra e fabricação de medicamentos que foram desenvolvidos no exterior", disse o chefe do Laboratório de Imunologia Clínica do IOC, Luiz Roberto Castello Branco.
A primeira substância a ser testada já se mostrou bastante eficiente para o controle do HIV-1 em testes realizados in vitro, método no qual as células são isoladas em laboratório para a realização de pesquisas. "A substância inibiu em até 95% a replicação do vírus em linfócitos e macrófagos, células envolvidas na resposta imunológica do organismo", confirmou o pesquisador do IOC Dumith Chequer Bou-Habib. O vírus HIV age destruindo as células do sistema imunológico humano, que é responsável por proteger o corpo contra doenças.
Os testes começarão em camundongos. "O estudo em animais é indispensável para a testagem em humanos", afirmou a pesquisadora Fátima Conceição-Silva, que coordenará essa fase do estudo. Em paralelo, serão feitos testes em pedaços de tecido do útero, retirados por biópsia e mantidos vivos em cultura em laboratório. Essa técnica, denominada explante, é disponível somente na Inglaterra. Por isso, essa etapa da pesquisa será realizada no Centro de Testagem de Microbicidas da Divisão de Doenças Infecciosas do Saint Georges Medical School.
Redação Terra