O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, em Davos, que os juros vão continuar em queda, mas "sem mágica". "A taxa de juros vai continuar caindo na medida em que a gente for conquistando mais confiança e mais garantia", disse o presidente em Davos (Suíça), onde participa do Fórum Econômico Mundial.
O Banco Central virou alvo de críticas nesta semana devido à decisão de reduzir o ritmo de queda dos juros. A taxa básica da economia brasileira (Selic) foi reduzida de 13,25% para 13% ao ano na quarta-feira, uma queda menor que a das reuniões anteriores do Copom (Comitê de Política Monetária do BC).
Em reação à decisão, empresários da Fiesp e CNI, o governador de São Paulo, José Serra, e até mesmo o ex-ministro petista José Dirceu afirmaram que a decisão do BC contrariava o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Dirceu chegou a defender a renúncia do presidente do BC, Henrique Meirelles.
Conciliador, Lula disse hoje que também gostaria que os juros fosse menores, assim como Meirelles e o ministro Guido Mantega (Fazenda).
"Acontece que você não consegue reduzir a taxa de juros num passe de mágica, você precisa criar sustentabilidade, confiança política e confiança no mercado para que você possa, de forma dinâmica, ir reduzindo a taxa de juros", disse.
Lula lembrou que os empresários tem hoje acesso a juros mais baixos que a própria Selic ao buscar empréstimos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
PAC
Lula afirmou que pediu a Meirelles, Mantega e também ao ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) para que apresentem o PAC a empresários estrangeiros durante o fórum.
Para Lula, o PAC vai permitir o aumento dos investimentos em hidrelétricas, portos, saneamento básico e rodovias, entre outras áreas, por meio de investimentos públicos ou com PPP (Parceria Público-Privada).
Ele também acredita ter o apoio para aprovar as medidas no PAC no Congresso apesar da pressão de governadores por mudanças no programa.
"Eu estou convencido de que na política interna brasileira há compreensão de todo o Congresso Nacional, dos governadores, pode ser que um governador tenha uma crítica aqui, outra ali; um deputado tenha uma crítica aqui, outra ali; mas no fundo, no fundo, eles sabem que esse projeto [o PAC] não é projeto do presidente Lula, não são projetos apenas do governo, são projetos para o Brasil", afirmou.
Rodada Doha
Lula pediu ainda a ajuda dos países ricos para o destravamento da Rodada Doha, que estabelece metas ambiciosas de liberalização comercial.
O presidente também pediu aos líderes empresariais presentes em Davos que falem com seus governos e peçam que sejam sensíveis frente à necessidade de se chegar a um entendimento na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Folha Online