Já chega a nove o número de palestinos mortos durante confrontos entre as facções rivais Hamas e Fatah nesta sexta-feira na faixa de Gaza. Outras 20 pessoas ficaram feridas nos choques, que envolveram a explosão de bombas e tiroteios. O Hamas e o Fatah possuem braços armados e políticos, e disputam o poder nos territórios palestinos desde o começo de 2006.
Um grupo de militantes ligado ao Fatah afirmou que havia capturado 24 reféns do Hamas. O grupo, chamado Brigada dos Mártires de Al Aqsa, seqüestrou os reféns em Gaza e na Cisjordânia e prometeu uma "resposta severa" se homens armados do Hamas ferirem um militante do Fatah, que por sua vez foi preso pela facção rival em Gaza.
A crescente violência adiou as negociações de formação de um governo de coalizão entre os dois grupos, que poderia pôr um fim ao boicote financeiro imposto à Autoridade Nacional Palestina (ANP) pela comunidade internacional desde março de 2006.
Os Estados Unidos, a União Européia, Israel e outras potências interromperam os repasses de ajuda e dos impostos palestinos recolhidos para a ANP quando o Hamas subiu ao poder, em março, após vencer as eleições democráticas palestinas de janeiro de 2006. O boicote visa forçar o islâmico Hamas a reconhecer o Estado de Israel, a renunciar à violência e a formar uma coalizão com o secular Fatah.
Os mortos na violência de hoje são cinco simpatizantes do Hamas, um militante da Brigada dos Mártires de Al Aqsa e três pedestres.
Aniversário
Os confrontos coincidem com o aniversário de um ano da vitória do Hamas nas urnas palestinas. As comemorações foram adiadas.
O cancelamento das negociações entre os dois grupos poderá ter graves conseqüências para o Hamas. O presidente da ANP, Mahmoud Abbas (dirigente do Fatah), que participa do Fórum Econômico de Davos (Suíça), disse à emissora de TV árabe Al Arabiya que convocará eleições em caso de fracasso das negociações para criar esse governo de unidade com o Hamas, negociado há mais de seis meses.
Abbas disse também que esta convocação aconteceria em um prazo de até três semanas.
Folha Online