Interessado em acomodar Nelson Jobim na presidência do PMDB, Lula passou a cogitar a hipótese de acomodar Michel Temer (PMDB-SP) na Esplanada dos Ministérios. Sondado acerca do interesse do presidente, a primeira reação de Temer foi a de recusar a oferta. O deputado soou decidido a reeleger-se presidente de seu partido, ainda que tenha de disputar o cargo com Jobim.
A intenção de Lula chegou aos ouvidos de Temer, pela primeira vez, ontem (7). Deu-se numa conversa que o deputado teve com o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). O diálogo foi, depois, resumido por Temer a congressistas que integram o seu grupo, que foram entrevistados pelo blog.
Temer foi a Tarso para verificar se haveria resistências à sua recondução ao comando do PMDB. Um plano que já fora noticiado aqui no blog. Ouviu do ministro que o presidente tem especial apreço por Nelson Jobim. Tarso disse que, ele próprio, como gaúcho, tem nutre simpatias pelo ex-presidente do STF. Mas declarou que o governo não se meteria numa eventual disputa interna do PMDB.
Conversa vai, conversa vem, Tarso insinuou a Temer que ele poderia ser aproveitado na equipe do segundo mandato de Lula. Foi uma observação cercada de cautelas. O ministro não mencionou o nome de Lula. Tampouco referiu-se ao nome da pasta. Temer lhe disse que seu projeto é mesmo o de continuar presidindo o partido.
Temer contou ainda a parlamentares de seu grupo ter sido procurado por uma terceira pessoa, para relatar-lhe um diálogo que tivera com o mesmo ministro Tarso Genro. Disse-lhe que o ministro falou explicitamente da cogitação de aproveitar Temer no ministério. De novo, esquivou-se de mencionar o nome da pasta. Mas realçou que a eventual nomeação dependeria da disposição de Temer de abrir caminho para Jobim.
A julgar pelos movimentos que fez nas últimas horas, a idéia de vir a ocupar um ministério não passa pela cabeça de Temer. O deputado agendou para segunda-feira (12) um ato público de lançamento de sua recandidatura à presidência do PMDB. Será em São Paulo, às 11h. Antes, Temer fechou um acordo com a bancada peemedebista de Goiás, que ameaçava lançar o nome da deputada Íris Araújo. Acertou-se que Íris será candidata a vice na chapa que Temer submeterá ao diretório nacional do PMDB no próximo dia 11 de março..
Nesta quinta-feira, Temer esteve também com o seu potencial rival Nelson Jobim. Tentou demovê-lo da idéia de disputar o comando do PMDB. Chegou mesmo a acenar com a hipótese de apoiar o nome de Jobim para presidir o partido no próximo biênio (2009-2010). Marcaram uma nova conversa para a próxima terça-feira. Mas Jobim não pareceu seduzido pela idéia de abrir mão de postular o cargo já.
Nos subterrâneos, o PMDB revive uma velha disputa que opõem sua bancada no Senado, liderada por Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) à da Câmara, que órbita majoritariamente em torno de Temer. Renan e Sarney são contra a reeleição de Temer. Conspiram a favor de Jobim.
Temer informou ao seu grupo que tentará aparar as arestas do Senado nos próximos dias. Telefonou para Renan e Sarney. Pediu para conversar com ambos. Renan ficou de marcar uma data. Sarney já marcou. Receberá Temer na próxima segunda-feira (12). A hipótese de que ocorra uma pacificação é vista pelos dois lados como improvável.
Folha Online