Uma paraibana é uma das principais responsáveis por um fato que vem chamando a atenção de políticos e especialistas em Educação de todo o Brasil. Maria Stela Rangel da Silva é a diretora do Instituto Dom Barreto, que fica em Teresina e foi à escola com a maior nota entres todas as instituições de ensino do país. Ela e o Instituto são destaques de uma reportagem do Terra Magazine que enfatiza o feito inédito.
Marcos Wéric
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Confira a reportagem do Terra Magazine na íntegra:
Maria Stela Rangel da Silva não consegue sair do telefone desde a última quarta-feira. Diretora do Instituto Dom Barreto, primeiro colocado no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio, ela recebeu uma enxurrada de telefonemas de políticos, educadores, jornalistas, ex-alunos e, principalmente, piauienses orgulhosos pelo feito inédito da escola, sediada em Teresina, cujo desempenho superou tradicionais potências educacionais da região Sudeste.
Ao criar uma ilha de excelência em um estado estigmatizado por pobreza, falta de desenvolvimento e altos índices de analfabetismo, a equipe do instituto acabou promovendo a melhora geral da auto-estima de seus conterrâneos. "São piauienses de todo o Brasil que telefonam para parabenizar e comemorar", disse Maria Estela. Até o ministro da Educação, Fernando Haddad, ligou em busca de informações sobre o projeto pedagógico do instituto. "Ele ficou surpreso com o resultado, disse que não sabia de uma escola assim no Piauí."
Os "piauienses de todo o Brasil" que manifestaram sua alegria com os 74,17 pontos conquistados pela escola no Enem encararam o feito como a melhor resposta possível para preconceito de que se consideram vítimas. "Existe preconceito, muito preconceito. Eles devem sentir isso na pele todos os dias", disse a diretora, ela própria paraibana, mas "piauiense de coração".
Escola privada e de orientação católica, o Dom Barreto tem cerca de 2.300 alunos, do maternal ao 3º ano do ensino médio. A maioria faz toda sua formação pré-universitária na própria escola. "Este é um dos nossos segredos. Conhecemos nossos alunos desde pequenos. E a cada ano chegam crianças trazidas pelas mãos dos ex-alunos", disse a diretora.
Maria Estela também credita o sucesso da escola à orientação pedagógica dada por seu irmão, Marcílio Flavio Rangel de Farias, ex-diretor do instituto, que morreu no ano passado. "Ele tinha como lema rigor e ternura. Nós primamos muito pela qualidade do ensino e pela disciplina, mas não a disciplina imposta, a conquistada."
Segundo a diretora, os estudantes locais têm um índice de sucesso de cerca de 90% no vestibular, inclusive em disputadas universidades de fora do Estado, como a UnB e a Unicamp. "Mas nossa finalidade é ensinar a pensar e a criar, não é ensinar a memorizar para passar no vestibular", ressalta.
No currículo, além das matérias tradicionais, há aulas de xadrez, latim, filosofia e sociologia. Os alunos produzem um jornal e programas de rádio em um laboratório.
Para quem não tem condições de pagar as mensalidades, o Dom Barreto mantém uma escola gratuita em um bairro periférico de Teresina, com o mesmo currículo e método pedagógico. O desempenho dos alunos, porém, não pôde ser medido pelo último Enem, já que só recentemente a instituição passou a ter classes de 3º ano do ensino médio.
Terra Magazine