O julgamento do taxista acusado de matar Geraldinho, foi suspenso após uma jurada apresentar um descontrole emocional por problemas familiares. Segundo o advogado de acusação, Ricardo Oliveira, um novo julgamento foi marcado para a próxima sexta-feira (16) às 8h. Na ocasião, novos jurados serão convocados pelo juiz. O adiamento do julgamento, segundo o advogado, não interfere de forma alguma no resultado. "O nível do conselho de jurados é muito bom".
Revolta e esperança marcam o julgamento do ex-taxista Francisco José dos Santos, que teve início por volta das 9h30 desta segunda-feira (12). Ele é acusado de assassinar Geraldo Antônio Gomes, conhecido como Geraldinho. O crime ocorreu em 29 de outubro de 2002, no táxi (um veículo Palio) em que Francisco trabalhava na época.
A mãe do garoto, Roberta Maria Luísa, se diz indignada com a situação. “É um absurdo. Ele tem que ir para cadeia, porque ele é um assassino. Ele matou meu filho, meu filhinho”, disse em meio à lagrimas. A tristeza da mãe, porém, não a impediu de mobilizar vários segmentos para acompanhar o julgamento e tentar sensibilizar os jurados.
Desde o começo da manhã, crianças e adolescentes seguravam faixas pedindo “Justiça pela morte de Geraldinho” e “Exigimos Justiça”. Muitas mães tocadas pela brutalidade do caso, também compareceram ao local para dar apoio à Roberta.
Segundo a mãe do garoto, o julgamento até agora, só teve contradições e mentiras. “Só Deus para tocar no coração dos jurados e fazer a justiça acontecer”, frisou.
O juiz José Aurélio da Cruz está presidindo o julgamento, que tem como advogado de defesa, Harley Handemberg Medeiros e na acusação, o promotor Aldenor Medeiros e o advogado Ricardo Oliveira.
Versão do acusado
No depoimento, Franscisco disse que se considera culpado, “mas que tudo não passou de um acidente”. Segundo ele, na noite da terça-feira, dia 12 de outubro de 2002, Francisco foi comemorar a vitória do candidato a governador, Cássio Cunha Lima. Decidiu ir á praia com a esposa e a filha. Na ocasião, a esposa (Elisângela) foi até o apartamento da vizinha Roberta, que incialmente participaria da comemoração, porém não foi por problemas de saúde de seu esposo e autorizou que Geraldinho os acompanhasse.
Francisco disse que os quatro foram á praia e em certo instante, já dentro do veículo, iniciou-se uma discussão com a esposa, o motivo da briga seria ciúmes. Durante o tempo que esteve na praia, Francisco disse ter tommado três ou quatro doses de rum e a esposa, três ou quatro copos de cerveja, de acordo com as palavras do acusado.
O taxista, hoje comerciante em Pernambuco, informou que, decidiram voltar para casa. “Nas proximidades do Shopping Manaíra, tentei pegar a arma para que minha esposa não utilizasse a mesma”, destacou.
Ao tentar pegar a pistola automática (que guardava no carro), a arma disparou, acidentalmente segundo o acusado, atingindo Geraldinho que caiu sobre o ombro de Francisco. “Ao ver o garoto ensangüentado no banco traseiro, queria levá-lo para o Trauma, mas fui impedido pela minha esposa que queria comunicar Roberta sobre o fato”, disse Francisco no julgamento.
O taxista afirmou ainda, que o clima de desespero foi total dentro do veículo. Ele conta que o garoto agonizou. A essa altura, Francisco dirigia em direção a casa do pai, onde sequer teria saido do veículo, seguindo em seguida para Hospital Samaritano. “Quando cheguei lá, chamei duas vezes e ninguém veio”, disse. Atônito, segundo ele, o carro foi abandonado na rampa do hospital com Geraldinho em seu interior.
O taxista um táxi em direção ao Terminal Rodoviário. Lá, segundo ele, tomou rumo para Goiana, em Pernambuco.
A arma
Francisco informou que a pistola automática foi comprada em São Paulo e a usava “porque trabalhava à noite”.
O julgamento
Este é o segundo julgamento do caso Geraldinho. No primeiro, Francisco foi condenado a 21 anos de prisão. A decisão foi anulada pela Câmara Criminal após o advogado de defesa recorrer do julgamento.
No dia 7 de agosto de 2006, o taxista foi solto mediante Hábeas Corpus. Ele havia sido condenado por cinco votos contra dois. A esposa de Francisco foi absolvida no julgamento por quatro votos a três.
Valéria Sinésio
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