O delegado Rodrigo Pinheiro foi indiciado na tarde desta segunda-feira (6) por ter disparado um ou mais tiros em uma festa no sítio do atleta Marcelinho Paraíba, em Campina Grande, em novembro de 2011. Pinheiro é irmão de uma advogada que acusa de estupro o jogador campinense. O indiciamento foi divulgado após uma hora e meia de depoimento de Rodrigo Pinheiro ao delegado Francisco de Assis, da 7ª Delegacia Distrital do bairro da Catingueira, em Campina Grande.
Pinheiro chegou à 7ª DD para prestar depoimento meia hora antes do horário marcado, por volta das 15h30, deixando o local sem falar com a imprensa. Porém, segundo o delegado responsável pela investigação, o indiciado manteve a versão inicial, reafirmando não ter efetuado disparos no local e no dia do fato. Além de negar que estivesse portando duas armas naquela ocasião, Pinheiro explicou que os resquícios de pólvora encontrados pelo exame de residuograma do Instituto de Polícia Científica (IPC) em sua mão esquerda teriam surgido durante o manuseio da munição.
“Ele alegou que, ao manusear a arma, quando retirou a munição, provavelmente ficaram resíduos que apontaram nos exames como sendo disparos”, disse Francisco de Assis. O delegado indiciado também declarou em depoimento não saber quem efetuou os disparos no dia da festa na casa do jogador.
Rodrigo Pinheiro, que troca acusações com o jogador Marcelinho Paraíba, começou a trabalhar como delegado titular da Delegacia de Sapé também nesta segunda. O laudo do exame de residuograma, feito pelo Instituto de Polícia Científica (IPC), confirmou que a análise aponta resquícios de chumbo na mão esquerda dele.
“Sou destro, por isso nunca vou atirar com a mão esquerda. Eu peguei a munição pra entregar à polícia com a mão esquerda, é claro que ia dar positivo. Fui eu mesmo que pedi ao delegado que fizesse o exame”, explicou mais cedo em entrevista ao G1. Mas, segundo Francisco de Assis, “ele foi indiciado com base no laudo pericial e nas provas testemunhas. Não houve alternativa”.
Após o interrogatório de qualificação, que culminou no indiciamento de Rodrigo Pinheiro, o caso será encaminhado ao Ministério Público. O delegado responsável pelo caso não quis entrar em detalhes sobre a pena prevista para o crime de disparo em via pública, acrescentando que a interpretação desse tipo de crime vai depender da Justiça, caso seja condenado.
Depois de mais de dois meses afastado de suas funções, Rodrigo Pinheiro havia sido designado para assumir a delegacia regional de Sapé e voltar ao serviço também nesta segunda-feira. O delegado geral da Polícia Civil, Severiano Pedro do Nascimento Filho, explicou que o delegado não pode ser afastado de forma definitiva enquanto não for julgado. Segundo ele, o fato de Pinheiro estar respondendo tanto na esfera penal quanto administrativa não o impede de voltar a exercer suas funções. Entretanto, o delegado indiciado responde paralelamente a um inquérito administrativo na Corregedoria da Polícia Civil.