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A cúpula do G7 deve aprovar duas resoluções relacionadas à guerra
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerra a participação dele na cúpula do G7, grupo dos países mais ricos do mundo, neste domingo (21) e ainda não decidiu se vai se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, para discutir sobre a guerra do país com a Rússia.
Zelensky já solicitou ao Ministério das Relações Exteriores uma reunião com Lula, mas não teve resposta. O ucraniano quer conversar com o brasileiro para tentar mudar a postura do chefe do Palácio do Planalto sobre o conflito. Desde o início do mandato, Lula assumiu uma posição de neutralidade sobre a guerra.
O presidente da Ucrânia já se encontrou com líderes de nações como França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão desde que chegou a Hiroshima para participar da cúpula. Também conversou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, sobre a guerra.
Assim como o Brasil, a Índia tem evitado apoiar sanções mais severas à Rússia pela invasão do território ucraniano. Esse posicionamento das duas nações deve-se à parceria com a Rússia no âmbito do Brics, grupo do qual também fazem parte África do Sul e China e que tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto dos países-membros.
Lula tem defendido a formação de um grupo de países amigos com o objetivo de mediar a paz, mas Zelensky espera uma postura mais enfática do presidente brasileiro em relação à Rússia.
O presidente ucraniano quer mostrar ao brasileiro os “10 pontos para a paz” formulados por ele para cessar o conflito. Entre as propostas, Zelensky defende a aplicação da Carta das Nações Unidas, tratado assinado em 1945 que estabeleceu a organização, a qual diz que todos os membros da entidade devem evitar, em suas relações internacionais, a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial de outro país.
Zelensky também pede a retirada imediata das tropas russas e a cessação das hostilidades, bem como a prevenção da escalada militar por parte da Rússia. Outros pontos elaborados pelo presidente da Ucrânia envolvem: segurança radioativa e em relação a armas nucleares; segurança alimentar; segurança energética; libertação de prisioneiros e doentes; justiça; proteção ambiental contra o ecocídio; e a confirmação do fim da guerra.
A cúpula do G7 deve aprovar duas resoluções relacionadas à guerra: uma apenas dos países que compõem o grupo (Japão, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido) e a outra que envolve os países convidados para o evento. Nos bastidores, a diplomacia brasileira trabalha para que o segundo texto não preveja uma medida mais enfática contra a Rússia.
Uma das solicitações brasileiras deverá ser a negociação de uma linguagem que seja compatível com a posição de todos os países envolvidos na cúpula, com neutralidade e ênfase na segurança alimentar, impactada pelo conflito no Leste Europeu.
“Nossa visão — e isso tem sido negociado no texto — é de que esse documento deve ser sobre a segurança alimentar, uma vez que esse será o tema principal a ser discutido entre os países. Nesse aspecto, são documentos bastante diferentes — o do G7 e o do G7 com os países convidados”, afirmou o secretário de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, Maurício Lyrio.