Declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), repercutiram no meio político neste sábado (5/8). Em entrevista às jornalistas Monica Gugliano e Andreza Matais, do Estadão, o político criticou o ex-presidente e seu aliado, Jair Bolsonaro (PL), por avaliar que ele ficou devendo aos liberais em pautas como desestatização e economia verde.
Na avaliação dele, o legado de Bolsonaro foi o de ter organizado a direita, mas para as próximas eleições uma aliança mais robusta será necessária. “Tudo vai passar por um processo da direita tentar se unir e encontrar um nome que tenha apoio. Mas se for para lançar dois, três nomes (em 2026), aí é para dar de mão beijada a reeleição ao adversário”, disse na entrevista.
Zema também não poupou críticas à esquerda e ao que chamou de um discurso sedutor, mas sem reflexo na realidade, em resultados práticos. “É meio que o canto da sereia: nós somos social, nós somos verdes. Eu bato palmas e aplaudo a esquerda porque eles conseguem fazer uma lavagem mental, mas na prática não tem nada”, critica o governador de Minas Gerais, que não cravou sua candidatura à presidência em 2026.
O ponto que levantou mais polêmica foi a cobrança do governador por mais protagonismo político do eixo Sul-Sudeste. Os governadores dos duas regiões se organizaram no Consórcio Sul-Sudeste (Cossud), presidido pelo governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). “Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, né? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos, nós queremos – que é o que nunca tivemos – é protagonismo político”, disse.
“Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso. Eles queriam colocar um conselho federativo com um voto por estado. Nós falamos: ‘não senhor’. Nós queremos proporcional à população. Por que sete estados em 27, iríamos aprovar o quê? Nada. O Norte e Nordeste é que mandariam. Aí, nós falamos que não. Pode ter o Conselho, mas proporcional. Se temos 56% da população, nós queremos ter peso equivalente”, continuou o governador sobre a votação da reforma tributária no Congresso Nacional. “Pela primeira vez, um dia antes da reforma tributária ser votada nós convidamos todos os 256 deputados federais (metade da Câmara dos Deputados) do Sul e do Sudeste. Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente.”
Zema defendeu que os estados do Sul e do Sudeste também merecem ter o próprio fundo e não podem ser considerados os únicos ricos. “Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, reclamou Zema.
Repercussão
Guilherme Boulos (PSol), candidato do PT à prefeitura de São Paulo, criticou a entrevista de Zema. “Depois de elogiar Bolsonaro, o governador de MG, Romeu Zema, disse que o Nordeste é uma ‘vaquinha’ que ‘produz pouco’ e disse que às críticas à concentração de renda no país ‘tem de ter limite’. Preconceituoso e nojento!”, escreveu em sua conta no Twitter.