Ele havia rasgado sua velha identidade. No coletivo dizia até que aquele ser esquelético havia se transformado em biruta de aeroporto (vai pra onde o vento sopra). Era cara e semelhança.
A vila tinha entrado em ebulição. Continuava insignificante como sempre. O único salto que havia dado foi para entrar na era do ‘SEFU’ – Sefu a educação; Sefu a saúde; Sefu a segurança…
O monarca já não busca orientação e também não consulta nem mesmo as divindades. De chibata sempre a mão, impunha flagelo a todos. Açoitava até mesmo sua própria réstia. Nada podia lhe fazer sombra.
Assim como a identidade, o monarca também havia perdido a sensatez.
A pacata e ordeira Vila de antigamente se viu em polvorosa.
– Será que o monarca se transformou num Napoleão-de-hospício? Indagavam uns.
Todos, no entanto, concordavam colocá-lo em uma camisa de força. A unanimidade tomou conta da Vila.
– Será que após o dilúvio o monarca’ ficou com as ideias atravessadas como feto em posição anormal, olhando pra trás?
Já os mais experientes cochichavam a boca cada vez mais miúda: temos certeza que o pensamento vem exatamente do meio entre o calcanhar e o cérebro.
A vila inteira, no entanto, vivia a cantar o refrão do poeta lá das terras de Iracema ‘ele é muito, mas não sabe voar’.