Maurílio Batista

Síndrome de Geni

  A sensação  é de fuga da responsabilidade. O sentimento é o de abandono. Poderíamos recomendar, se fosse o caso, […]

 

A sensação  é de fuga da responsabilidade. O sentimento é o de abandono. Poderíamos recomendar, se fosse o caso, exame de DNA (substâncias químicas envolvidas na transmissão de caracteres hereditários). O bom senso indica, no entanto, que pai é quem cria, quem zela, quem cuida…

Ele nasceu fruto do amor – sentimento dos mais nobres -, e não da indecência do ‘fui eu que fiz’.

No novo, ainda usando cueiros, é vítima de má formação.

Acometido da síndrome da Geni (não há registro na literatura Médica sobre a evolução e muito menos de como se contrai). O poeta a define como ‘é feito pra apanhar. É bom de cuspir’.  Foi arrastado por mãos alheias.

Apesar de tantos pedidos, o pai desnaturado, que nunca reconheceu um erro cometido, deixou candidamente, Traumatizadinho ser adotado.

Sem muitas discussões, apenas confabulações entre quatro paredes para justificar o ato, foi feita a negociata. Lá estava o forasteiro de papel passado, a posar de pai. A rejeição havia sido consumada.

Antes, porém, na mesma sala onde a vergonha passou ao largo, mas a desonra se fez testemunha, o forasteiro recebeu o bom dote por abraçar Traumatizadinho.

Lá distante, na terra do Marimbondo de Bigode, o forasteiro cor de sangue também havia feito uma adoção.  Lá não foi pai. Só padrasto.

Com o fim do dote, restou apenas o calote.       

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