O Ministério Público Federal (MPF) informou que os agentes da Polícia Legislativa presos na manhã desta sexta-feira (21) pela Polícia Federal realizaram ações de “contrainteligência” em busca de escutas instaladas pela PF nos endereços de três senadores e de um ex-parlamentar investigados na Operação Lava Jato.
O nome dos políticos envolvidos na tentativa de obstrução às investigações da Lava Jato está sob sigilo de Justiça. No entanto, informações vazadas para a imprensa dão conta de que os beneficiados pelo esquema com a Polícia Legislativa seriam Fernando Collor (PTC-AL), Lobão Filho (PMDB-MA), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e José Sarney (PMDB-MA).
De acordo com o MPF, os agentes viajaram pelo menos duas vezes a São Luís (onde Sarney e Lobão Filho têm casa) e a Curitiba (cidade natal de Gleisi) para fazer varreduras nos endereços dos parlamentares sob ordens do diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo de Carvalho.
Carvalho é homem de confiança do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) que, segundo sua assessoria, encontra-se em Maceió nesta sexta-feira.
A operação da PF contra o grupo teve início após uma delação premiada de um policial legislativo, segundo o qual foram realizadas ao menos quatro buscas por escutas.
Apesar das varreduras não configurarem crime em si, os procuradores afirmam ser ilegal a utilização de recursos públicos para a realização de ações de contrainteligência em endereços de pessoas investigadas pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da Lava Jato.
“A deliberada utilização de um equipamento sofisticado, de propriedade do Senado Federal, passagens aéreas custeadas pelo Erário e servidores concursados, em escritórios e residências particulares, não possui outro objetivo senão embaraçar a investigação de infração penal que envolve organização criminosa”, diz o pedido do MPF para a prisão dos agentes legislativos.
ESCUTAS ILEGAIS
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), emitiu uma nota de esclarecimento onde afirmou que a Polícia Legislativa exerce atividades dentro dos preceitos da Constituição, das normas legais e do regulamento administrativo do Senado Federal. “Atividades como varredura de escutas ambientais restringem-se à detecção de grampos ilegais”, afirmou.
Segundo o presidente do Senado, é “impossível, por falta de previsão legal e impossibilidades técnicas, diagnosticar quaisquer outros tipos de monitoramentos que são feitos nas operadoras telefônicas”.
Renan informou ainda que o Senado acionou advogados para acompanhar todos os procedimentos até a conclusão das investigações e que a Casa vai colaborar com as investigações.
OPERAÇÃO MÉTIS
Ao todo, são cumpridos nove mandados judiciais por decisão da 10ª Vara da Justiça Federal, quatro de prisão temporária e cinco de busca e apreensão. Agentes da PF foram ao Senado na manhã desta sexta-feira para coletar provas.
Ao menos 12 senadores já foram citados nas investigações da Lava Jato e são investigados pelo STF.