Ele contraria a lógica e até mesmo as reflexões filosóficas de que as aparências não enganam apenas externam um estado de momento.
Magro, beirando a uma situação quase cadavérica podia-se até, de braços erguidos, tocar reco-reco em suas costelas, era a encarnação da fome e da fragilidade. Ledo engano! Lá estava o retrato mais fiel do predador.
De fome voraz, nada escapava e engolia dezenas de toneladas entre penosas e bicho de quatro pernas de uma única abocanhada.
Exageramos! Somos réus confesso.
De quatro pernas escapava tamborete e carteira escolar; já tinha outro devorador em seu lugar, mas o endereço era o mesmo…
Sorrateiro e de caráter aparentemente sociável, esse ser carnívoro da zona urbana não se delicia apenas de alimentos frescos. Com seus voos rasantes, feito ave de rapina também alcança os lixões.
O urubu de cabeça negra parente consanguíneo do abutre rei, exala um cheiro repugnante e, sendo assim, deixa claros rastros nauseabundos de fácil identificação.
Esse carniceiro assim como as baratas tem facilidade, no coletivo, para se multiplicar e progride mais facilmente nas ‘mudas’ agonizantes.
No ninho dos necrófagos também se perdeu, há bastante tempo, o senso do ridículo e dos bons costumes. Os comedores de carcaça são vistos regularmente exibindo sua deplorável plástica desnuda em águas alheias.