Em breve, a Paraíba irá ganhar um importante aliado no estudo de fenômenos espaciais e teorias físicas, que há milênios fascinam a população e intriga pesquisadores. Na última terça-feira, dia 20 de março, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) firmou um protocolo de intenções com a Prefeitura Municipal de Aguiar, no Sertão paraibano, para a construção de um radiotelescópio na região do Vale do Piancó. As obras devem ser iniciadas no prazo de 120 dias.
Fruto de uma cooperação internacional que inclui a UFCG, a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e universidades e organismos do Reino Unido, Suíça, Uruguai, França e China, o Radiotelescópio Bingo (sigla em Inglês para Oscilações Acústicas de Baryon em Observações de Gás Neutro) irá permitir avanços em pesquisas astrofísicas, com impacto direto na localidade em diversas áreas.
“Apesar de ser uma região que ainda não conta com nenhum campus universitário, vai sediar o equipamento com potencial de impactar significativamente na educação e na economia do local, com efeitos nos municípios vizinhos”, diz o professor Luciano Barosi, da Unidade Acadêmica de Física da UFCG, um dos dez pesquisadores da universidade envolvidos no projeto.
O radiotelescópio ocupará uma área de 300 metros quadrados e contará com dois espelhos de aproximadamente 40 metros de diâmetro cada, sustentados por uma estrutura metálica de 80 toneladas. O município de Aguiar, localizado a cerca de 300 km de Campina Grande, foi escolhido por ser uma região geograficamente adequada e livre de poluição eletromagnética, sendo considerada a maior área de silêncio do Brasil. O projeto de instalação e operacionalização deverá ser concluído no prazo de dois anos.
“A construção do equipamento deve demorar cerca de um ano. Depois, tem uma etapa de calibração que se chama comissionamento, que deve durar quase um ano. Após isso, o equipamento estará fazendo as medidas que queremos. O primeiro resultado científico sai um ano depois do início do funcionamento”, explica Barosi. O custo global do projeto é estimado em U$ 4,2 milhões (cerca de R$ 13,1 milhões), sendo que a maior parte dos recursos (R$ 10,1 milhões) será bancada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).