Objeto de inquérito civil no Ministério Público da Paraíba, o BRT (Bus Rapid Transit) virou tabu na Prefeitura de João Pessoa. Os secretários se esquivam para não falar e até o prefeito Luciano Cartaxo (PT) corre às léguas quando é questionado, depois que a licitação para contratação de empresa ou consórcios para elaborar o projeto e executar as obras foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), por causa de irregularidades e falta de lisura no processo. Indagado pelo Portal Clickpb, na manhã desta sexta-feira (29), durante entrega de enxovais a gestantes, no Centro Administrativo Municipal (CAM), o prefeito Luciano Cartaxo (PT) ficou nervoso, recusou-se a dar conta da licitação e negou-se a responder se a prefeitura já tem em caixa os recursos necessários para as obras, na ordem de R$ 188 milhões, oriundos do governo federal. Enquanto isso, a prefeitura se ‘encosta’ na Promotoria do Consumidor, para tratar de ações paliativas de implantação de faixa exclusiva para ônibus, quando o que deve ser implementado é a faixa única para ônibus do BRT, no canteiro central viário. É jogar dinheiro público fora. Com quase dois anos e meio de gestão, se o BRT estivesse perto de ser implantado, a prefeitura estaria gastando tinta, mão de obra e fiscalização para implantar uma faixa exclusiva de ônibus que se contrapõe ao projeto do BRT? – se bem que em se tratando de Cartaxo até dá para conceber a ideia…Mas o Ministério Público, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Social da capital, responsável pela mobilidade urbana de João Pessoa, está cobrando que a prefeitura diga se vai ou não ter BRT em João Pessoa, ou se tudo não passa de um engodo para a população. O titular da promotoria, João Geraldo, que está apurando o caso, questionou também o fato da prefeitura preferir tratar de mobilidade com a Promotoria do Consumidor, que não tem competência para o assunto. “Qualquer assunto que diga respeito à mobilidade era para estar tratando aqui na minha Promotoria, mas ele foi tratar no Consumidor. Não se trata de redução de tarifa, de aumento, nem de melhora da frota, não se trata de limitação de passageiros dentro de cada ônibus, portanto não vejo interesse de consumidor nenhum. O interesse é somente em continuar a prefeitura encontrando um ancoradouro para não cumprir o que é para cumprir, que é fazer o BRT para toda a cidade”, disse João Geraldo. “Se realmente os BRTs fossem de verdade, fossem sair, isso seria já feito na faixa do meio. Para que gastar tanto dinheiro pintando faixa da direita quando se pretende fazer o BRT no meio”, ponderou o promotor João Geraldo. Reza a lenda que a primeira etapa do BRT terá intervenções nos corredores das avenidas Cruz das Armas, Dom Pedro II, 2 de Fevereiro, Epitácio Pessoa e na área Central da cidade (Centro, Tambiá, Varadouro e Av. Trincheiras), com construção de faixas exclusivas. Até agora, só balela.
Confira o áudio da entrevista com o promotor João Geraldo afirmando que faixa exclusiva só favorece aos empresários dos ônibus: