Dos 69 venezuelanos que foram transferidos para João Pessoa nesta terça-feira (28), 14 são bebês (0-5 anos), 17 são crianças (06-14), oito são jovens (15-21) e 30 são adultos (22-60 anos). São 15 grupos familiares que estavam em Boa Vista, no estado de Roraima, e serão acolhidos pelo programa da organização humanitária internacional Aldeias Infantis SOS, no bairro de Mangabeira.
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transferiu 187 venezuelanos para a capital paraibana, Manaus e São Paulo. Essa é mais uma etapa do processo de interiorização dos estrangeiros que estão atravessando a fronteira em busca de um recomeço de vida, em fuga da crise do país vizinho.
Segundo as Aldeias Infantis SOS, a interiorização é uma iniciativa criada para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida saindo de Roraima para outros estados brasileiros. Todos os solicitantes de refúgio e migrantes que aceitam participar da transferência para outras cidades passam por uma sessão de orientação sobre o processo de interiorização e as cidades de destino, realizam exame de saúde, são imunizados, abrigados na cidade de destino e acompanhados nos abrigos.
No dia 3 de julho, pela primeira vez, a Paraíba recebeu um grupo com 45 venezuelanos. Eles foram alojados no município de Conde, sob cuidados do Serviço Pastoral do Migrante.
Acolhida
Após a acolhida, a organização fez um diagnóstico inicial de todas as famílias, identificando as competências e habilidades de cada membro. Então, iniciará um trabalho de desenvolvimento familiar e individual a partir de projetos já existentes que envolvem educação, saúde, cultura, empregabilidade e geração de renda.
Interiorização
A interiorização depende de interesse das cidades de destino e da existência de vagas em abrigos ou projetos sociais. Reuniões prévias com autoridades locais e coordenação dos abrigos definem detalhes sobre atendimento de saúde, matrícula de crianças em escolas, ensino da Língua Portuguesa e cursos profissionalizantes.
O processo tem o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A partir das vagas disponíveis e do perfil dos abrigos participantes do processo de interiorização, o ACNUR identifica os interessados em participar da estratégia. A OIM atua na orientação e informação prévia ao embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão informada e consentida, sempre de forma voluntária, além de realizar o acompanhamento durante todo o transporte.
O UNFPA promove diálogos com as mulheres e população LGBTI para que se sintam fortalecidas neste processo. Já o PNUD trabalha na conscientização do setor privado para a absorção da mão de obra refugiada.
Todos os selecionados aceitaram participar da interiorização, foram vacinados, submetidos a exame de saúde e regularizados no Brasil, inclusive com CPF e carteira de trabalho.
“Estamos juntos neste movimento de dar um sentido à vida de famílias que estão deixando para trás sua história, seus pertencimentos em busca de um horizonte que os permita viver com dignidade e com seus direitos respeitados”, afirma o subgestor nacional da SOS Brasil, Sérgio Marques.
Aldeias Infantis SOS
Como organização humanitária global, as Aldeias Infantis SOS atuam no Brasil há mais de 50 anos, cuidam de crianças, fortalecem suas famílias e advogam pelo direito de viver em família e comunidade. São 187 projetos em 26 localidades pelo país para que nenhuma criança tenha que crescer sozinha.
Elas estão presentes em 10 estados e no Distrito Federal e oferecem atividades diárias para mais de 11 mil pessoas com projetos de educação, esporte, lazer, geração de renda e empregabilidade, com foco na quebra do ciclo da pobreza e violência.
Coletiva de imprensa
Nesta quarta-feira (29), às 14h, a sede em João Pessoa das Aldeias Infantis SOS concede entrevista coletiva para a imprensa sobre a acolhida aos venezuelanos. Além de representantes das organizações e do governo, estarão presentes porta-vozes voluntários do grupo de venezuelanos. A organização humanitária também apresentará o espaço em que eles viverão.