Tem coisas na política que ninguém consegue entender. Como se pode explicar a posição do presidente estadual do PT, o deputado federal Luiz Couto, em relação ao governo estadual? O fato de o PT ter hoje o vice-governador da Paraíba não condiciona a legenda a ser abertamente situação, ser governo? Não é comum vermos esse tipo de anomalia política pairando sobre o Partido dos Trabalhadores. E o mais grave: posição essa vinda do seu próprio presidente que num passado não muito distante proferia discursos nos palanques, tecendo mil elogios a aliança entre PT e PMDB e que José Maranhão seria o melhor nome pra governar o nosso estado. Todos se lembram desses episódios na campanha eleitoral de 2006.
Em política, tudo é muito claro. Ou você é governo ou é oposição. Mas, em relação a posição do PT aqui na Paraíba, tudo fica muito mais complicado. Aqui na Paraíba o PT tem o vice-governador Luciano Cartaxo. Portanto, é governo e não tem outra interpretação. Além do mais, o partido também ocupa setores estratégicos no primeiro escalão do governo, dividindo responsabilidades.
E tem mais. O próprio presidente do partido, o deputado Luiz Couto, foi mais além esta semana e disparou contra membros da legenda. Segundo ele, os petistas estão sendo “comprados” pelo governador José Maranhão, através de atos de nomeações, no diário oficial do estado.
O PT paraibano precisa adotar uma postura mais clara em relação aos seus posicionamentos. Não pode antecipar um debate que as próprias decisões partidárias orientam que só serão tomadas no próximo ano, ou seja, em 2010.
O deputado Luiz Couto erra de forma gritante ao assumir a posição de oposição a um governo que o seu partido ajudou a eleger e que é representado pelo vice-governador. O PT é governo e não tem como interpretar essa realidade de outra forma.
Assumindo essa postura, Couto pode está correndo o risco de afastar do seu projeto setores importantes do partido. Algumas alas do PT podem entender que a ira do presidente e deputado somente ocorre por interesses individuais dentro do partido. A desagregação é inevitável, pois o cenário aponta que o “PT governo” vai enfrentar Luiz Couto em todas as instâncias partidárias.