Todo mundo já sabe que de nada adianta o governo explicar, explicar, explicar. A oposição já bateu o martelo e vai protelar, até onde for necessário, para que o pedido não chegue ao plenário da AL e não receba o veredicto dos parlamentares.
E a situação agora se agrava muito mais, uma vez que o governo já contabiliza votos e apoios suficientes para fazer aprovar a matéria. Com isso, a estratégia continua sendo a de impedir que o pedido chegue ao plenário.
É a tática de retardar a análise que deve ser feita pela CCJ, e, com isso, ir empurrando com a barriga um problema que termina causando também sérios desgastes para o parlamento paraibano.
Estamos assistindo algo bem parecido com aquele desenho do “gato e o rato”, bem conhecido entre as crianças. E esse espetáculo deprimente em torno do pedido de empréstimo já virou piada.
E não adianta eu repetir aqui que as opiniões dos deputados seriam completamente diferentes se a conjuntura fosse outra. Ou seja, os papéis seriam invertidos se o governador fosse Cássio Cunha Lima.
Com Cássio no governo, os deputados que hoje são contra o empréstimo seriam a favor e defenderiam com unhas e dentes o pedido. Na ânsia de agradar o “rei de plantão”, acelerariam a tramitação da matéria, convocariam sessões extraordinárias, mesmo que fosse necessário realizar dezoito delas em menos de quinze minutos.
Seriam até capazes de votar a favor do pedido sem ler as páginas do detalhamento e sem mais delongas, assim como votaram diversas matérias em 2008. “A urgência, urgentíssima” justificaria tal artimanha.
Nem seria necessária a presença de algum secretário do governo para explicar o assunto, uma vez que, os que hoje são contra o empréstimo, diriam que tudo estava muito claro e a Paraíba precisaria do dinheiro para concluir as obras que o povo tanto deseja.
Iríamos ouvir de forma muito transparente, deputados, a exemplo de Romero Rodrigues, Manoel Ludgério, Zenóbio Toscano, entre outros, dizendo que o empréstimo seria a saída para as constantes quedas nos repasses do Fundo de Participação dos Estados e que, aqueles que fossem contra a obtenção dos recursos, estariam adotando uma posição contrária aos interesses do povo. Que discurso lindo seria esse.
Por outro lado, os que hoje são a favor da aprovação da matéria estariam como verdadeiros soldados do time do “contra”. Iriam solicitar detalhamentos, documentos anexos, apresentariam emendas, retardariam a análise da CCJ, gritariam, elevariam o tom de voz, mostrariam-se como verdadeiros defensores do erário público, na tentativa de defender o não endividamento do nosso “pobre” estado. Seria um muído daqueles bem grandes.
Acontece que, parte da nossa classe política, nem se preocupa com o que pensa ou deixa de pensar a opinião pública. Participam desse tipo de espetáculo circense sem o menor escrúpulo ou pudor.
Tudo vale quando o objetivo é defender os seus próprios interesses. O povo é o menor detalhe. Pouco importa o que pensa a população, pois o objetivo principal é a defesa dos interesses dos grupos, das alas, dos projetos eleitorais e provinciais.
Necessitamos mudar o conceito, modificar os costumes em defesa das transformações éticas da nossa classe política.