Se o ex-governador Cássio Cunha Lima estiver mesmo decidido, como falam seus porta-vozes de forma aberta, a emprestar seu apoio a candidatura do prefeito Ricardo Coutinho, do PSB, ao governo do estado, deve ter passado os últimos meses preparando os argumentos para convencer o senador Cícero Lucena de que essa é a melhor estratégia política no momento.
Cássio, tenho certeza, teve, nesses últimos meses, o tempo mais do que suficiente para fazer uma análise profunda do quadro político na Paraíba, pós sua cassação, levando em consideração o peso do seu grupo nas mais diversas regiões do estado, as condições logísticas para o enfrentamento de um embate eleitoral, e, principalmente, a necessidade de unidade do grupo que venceu várias eleições, inclusive, muitas delas, com o próprio Cássio como candidato.
E acho que compreendi quando Cássio disse ao chegar no Brasil que a principal conversa que manterá nos próximos dias será com o senador Cícero Lucena. Cássio sabe que precisa aprofundar uma série de avaliações juntamente com Cícero, elencando argumentos precisos, consistentes, seguros, conseqüentes e maduros, na perspectiva de estancar uma possível reação do senador paraibano, repito, caso a decisão do ex-governador seja a de apoiar a candidatura de Ricardo Coutinho, como apregoam alguns dos seus aliados mais próximos.
E vou ser mais preciso e direto. O discurso de viabilidade eleitoral é o mais fraco e mais fácil de ser rebatido pelo senador Cícero Lucena. Isso mesmo. Esse discurso é o mais fraco que alguém pode usar contra a candidatura de Cícero Lucena, pelo menos nesse momento em que falta ainda mais de um ano do pleito de 2010.
Se esse argumento fosse condição “sine qua non” para analisar a viabilidade ou não de qualquer candidatura, nem Ronaldo Cunha Lima, pai de Cássio, em 1990, teria sido eleito governador, pois iniciou a campanha, com insignificantes índices nas pesquisas, nem tampouco o próprio Cícero teria sido eleito prefeito de João Pessoa, pois também começou uma caminhada, aqui na capital, de forma pífia, absorvendo gordura ao longo dos acontecimentos que surgiram logo em seguida.
E estou afirmando isso de forma desapaixonada, pois o nosso papel aqui neste espaço é analisar a política e seus desdobramentos de forma sincera, ampla e balizada em fatos históricos.
Pois bem. Cássio precisa ter na ponta da língua todos os argumentos para manter perto de si o amigo histórico e de tantos embates, sob pena de ofuscar o projeto maior para o grupo e terminar por beneficiar e fortalecer, politicamente, o governador José Maranhão.