Alguns políticos mostram-se inconseqüentes na hora de mexer no tabuleiro da política. Outros, sinceramente, são verdadeiros mestres, capazes de saber a hora certa de realizar cada jogada, conseguindo sobrepor-se às adversidades e revertendo as situações a seu favor.
Os políticos inteligentes adotam a segunda receita. Já os que têm vida curta preferem a primeira, até porque, não aprenderam as nuances que o jogo lhes impõem nesse tabuleiro complicado que é a cena eleitoral. É a velha máxima: “em terra de cego, quem tem um olho é rei”. (risos)
E foi a estratégia dos políticos inteligentes que adotou o ex-governador Cássio Cunha Lima. Ele, Cássio, mexeu de uma forma tão correta o tabuleiro da política, que ninguém mais comenta sua cassação, não comentam as acusações de compra de votos, feitas pela oposição à época em que exercia o governo, enfim, o assunto não é mais nem o fato de ele ter sido cassado durante aquele processo demorado, que começou aqui no TRE e culminou com o histórico julgamento no TSE, em Brasília.
A jogada de mestre, efetuada por Cássio, desde a sua ida para as férias nos Estados Unidos até o retorno recheado de suspense e desencontros, temperado com o silêncio radical que se perpetua até o momento, serviu, incontestavelmente, para que ele se transformasse no centro das atenções, deixando parte dos políticos desse estado, na dependência dos seus posicionamentos, acorrentados naquilo que o menino de Campina Grande deve fazer, na tentativa de derrotar o seu principal inimigo, o atual governador José Maranhão.
Cássio, inteligentemente, conseguiu tornar Cícero, Efraim e Ricardo, diretamente dependentes de sua posição, e, indiretamente, deixou também, por tabela, Maranhão e seus aliados, de alguma forma, ligados a ele, pois, precisam saber o que fará Cássio para também armarem suas estratégias para os embates que se avizinham na Paraíba.
E quanta inteligência. A astúcia de Cássio foi tão grande que terminou por lhe beneficiar em outro detalhe: Cássio, ao alimentar uma aproximação com o grupo do prefeito Ricardo Coutinho, terminou provocando o rompimento já concreto entre o "MAGO" e José Maranhão. Até aí, nada demais. Mas, Ricardo, aliado de Maranhão, poderia, ao lado de Veneziano, figurar como uma ameaça visível, tanto para o governo do estado como para a composição de uma chapa para o senado. E percebem, nessa tese, quanto seria acirrada a disputa pelas duas vagas, que poderia englobar Cássio, Veneziano, Ricardo, Efraim, Ney Suassuna e Roberto Cavalcante.
Veneziano pode até continuar sendo um forte nome e uma ameaça, mas, Ricardo já não o é, pois a sua reaproximação com o grupo de Maranhão, a preço de hoje, é quase impossível. Mais uma jogada de mestre para um jogador consagrado nas urnas por várias vezes.
E Cássio continua desenvolvendo as táticas que escolheu para aplicar nesse jogo que só terminará em outubro de 2010. E ele sabe que não pode errar e nem cometer faltas graves durante a partida. Agora, se a sua estratégia é a correta ou não, isso é outra coisa. Um bom jogador acredita em cada lance, acumula envergadura e mostra que a tese correta é a sua. Está atento a cada detalhe, pois a intenção é aniquilar possíveis adversários e absorver os parceiros que precisa para que a partida continue lhe sendo favorável.
E qual será a próxima jogada de Cássio? Como um atento analista dos passos adotados por Cássio, passo a acreditar, fortemente, que, para ele, "três é melhor que dois e que seis é muito melhor do que quatro". Para bom entendedor, meia palavra basta.