Nilvan

Cássio, Cícero e as desconfianças

A verdade é que o clima esquentou. No ditado popular costumamos dizer que “a coisa fedeu” ou “morreu Maria Preá”. […]

A verdade é que o clima esquentou. No ditado popular costumamos dizer que “a coisa fedeu” ou “morreu Maria Preá”. Pois é esse o cenário que se instalou no PSDB paraibano, após o retorno do ex-governador Cássio Cunha Lima.

E não adianta “tapar o sol com a peneira”. Acontece que não existem mais os elementos sólidos de confiança que possam assegurar a convivência entre Cícero e Cássio e vice versa.

Todos os passos, a partir de agora, venham de onde vier, cheiram a golpe, a conspiração, a trama, a armadilha. E quando a situação chega nesse patamar, nem reza forte pode resolver a “parada”.

E uma prova desse acirramento é o pacto de silencio adotado entre ambos, pois, num momento de crise como esse, qualquer palavra colocada de forma equivocada pode arrefecer os ânimos e causar estragos muito maiores.

Acredito que tudo isso poderia ter sido evitado. O cerne da questão é que todo esse processo foi conduzido de forma errada. Começando da viagem do ex-governador Cássio aos Estados Unidos. O descanso merecido de Cássio já soou, à época, como uma ausência proposital com o objetivo de não participar de atividades ao lado de Cícero. Deixou-se transparecer que tudo não passaria de um período de quarentena, necessário para asfixiar a candidatura do tucano.

Na ausência de Cássio, o trem ficou sem comando político, ou seja, virou uma “casa de noca”. Cícero arregaçou as mangas, viajou o estado quase que por inteiro e, em muitos casos, teve que conviver com declarações de aliados históricos, retaliando o projeto do partido, de ter uma candidatura própria, a exemplo de Romero Rodrigues, Manoel Ludgério, Zenóbio Toscano, Ricardo Barbosa, entre outros.

Mas, Cícero, engoliu seco a tudo isso, mesmo tendo mil e uma adversidades na sua caminhada, apostando que as crises pontuais seriam superadas com o retorno do ex-governador Cássio Cunha Lima.

O problema é que os projetos é que são diferentes. Cássio defende a unidade das oposições, incluindo o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho. Cícero, ao contrário de Cássio, não quer ouvir nem falar nessa tese.

Ambos já não falam a mesma língua, conversam pouco, alimentando desconfianças mútuas. O caso da presidência estadual do PSDB é um exemplo bem claro disso. Cássio decide aceitar o convite para comandar o partido e recebe o silencio de Cícero como resposta.

A situação tende a se agravar. Os bombeiros ainda não agiram. Todo mundo quer colocar um pouco mais de gasolina para ver o circo pegar fogo.

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