Aqui e acolá a história nos prega algumas peças. E a que estamos prestes a vivenciar novamente tem tudo a ver com um dos momentos mais disputados na política da Paraíba: a inesquecível disputa pelo controle do PMDB, que ficou conhecida como o episódio do Clube Campestre em 1998.
A guerra no PMDB de ontem, hoje pode ser intitulada de “guerra do ninho tucano”. E mais uma vez pode colocar antigos aliados políticos num verdadeiro caldeirão de intrigas e disputas, num processo de escolha que deve definir quem tem hegemonia nas hostes do PSDB paraibano.
No passado a guerra se deu dentro do PMDB. No ringue estavam os grupos liderados por José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima.
Hoje, a disputa pode ser travada entre Cássio Cunha Lima e Cícero Lucena. A diferença é que só muda a sigla que está sendo cortejada.
Em pouco mais de dez anos é a segunda crise profunda de disputa interna que vive o grupo “Cunha Lima”.
Em 1998, o dilema era mostrar para José Maranhão e o seu grupo que quem mandava no pedaço era Ronaldo e companhia limitada. Maranhão aceitou a disputa e venceu a parada, como diz a gíria popular e continuou sendo a principal referência do PMDB.
Hoje, os últimos episódios mostram claramente que tudo pode se repetir e pelo andar da carruagem, Cícero e Cássio começam a viver os momentos finais de uma relação que já não anda bem das pernas.
Cássio, agora quer o controle do partido, diante da resistência assumida de Cícero em querer disputar o Governo do Estado, pelo PSDB. Idéia que não agrada Cássio, defensor de uma aliança com o PSB e o conseqüente apoio ao projeto de candidatura do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho.
Sem perspectiva de entendimentos, já que Cícero não abre nem pra um trem carregado de dinamite, Cássio sabe que precisa tomar as rédeas da situação e a única saída é mesmo tentar “arrancar” o controle do partido para si e começar a dar as cartas no jogo da sucessão.
Mas nem tudo é um “mar de rosas” para os “cassistas”. “O menino de Campina Grande” terá que disputar no voto, convencendo a cada tucano da certeza de suas idéias. Além do mais, também deixará claro para todos que no seu projeto não havia mesmo espaço para o seu amigo histórico e sempre leal de todas as horas, o senador Cícero Lucena.
Cássio também corre outro risco perante a opinião pública: o de deixar claro, onze anos depois, que José Maranhão, na época da confusão histórica pelo controle do PMDB, foi, talvez, vítima de um episódio bem parecido com o cenário que está sendo desenhado hoje e que pode colocar no centro das atenções o senador e presidente do PSDB, Cícero Lucena.