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Daqui a trinta dias, para ser mais exato e preciso, no dia 04 de abril, o hoje todo poderoso, prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, não mais estará sentado, pelo menos oficialmente, na cadeira de principal mandatário da capital do estado. Ricardo voltará à condição de cidadão comum e se juntará a galeria dos ex-prefeitos, nada mais que “ex”.
Pelo menos, sem a faixa e a caneta de prefeito, tenho a certeza, que ele, Ricardo, não mais atormentará a vida dos nossos sofridos camelôs do centro da cidade, que tanto foram expurgados, perseguidos e massacrados nesses últimos anos.
Tenho a plena convicção que também os agentes de saúde não mais serão perseguidos pela fúria insana do “Ricardo todo poderoso”. Os que alguma vez discordaram de Ricardo prefeito e dele receberam a intolerância como resposta, fiquem tranqüilos, porque daqui a trinta dias ele voltará a ser um cidadão comum, assim como nós, meros eleitores e pagadores de impostos.
E tomara que o Ricardo, transformado em cidadão comum, sem mandato, sem a caneta de prefeito, volte ao seu estado normal e lembre-se das bandeiras justas e históricas que sempre defendeu, na época do parlamento, e faça uma reflexão profunda sobre o seu comportamento de intolerância, ditatorial, de perseguição àqueles que tinham opiniões contrárias as suas e se revista do seu passado revolucionário, temperado à luz de Lênin, Trotski, Marx, Engels, não sei se também inspirado em Stalin, para provocar uma autocrítica e municiar os seus argumentos para as próximas batalhas que estão se aproximando.
O Ricardo sem a caneta que eu quero ver e testemunhar é aquele velho guerreiro de tempos passados, que não media esforços para lutar pela liberdade de imprensa, pela liberdade de expressão, aquele revolucionário, comprometido com as causas dos mais oprimidos que assumia os microfones dos carros de som, custeados pelos sindicatos e associações, erguendo sua única arma, a voz, os argumentos precisos e coerentes, sem medo, combatendo as injustiças do nosso cotidiano, aqui em João Pessoa e também no resto do estado.
Já dizia o velho ditado: “quer conhecer um homem, lhe entregue o poder”. O Ricardo com o poder nós já aprendemos a conhecer pela sua forma intolerante com aqueles que pensam contrários ao seu estilo de observar as coisas do mundo. E de uma coisa eu tenho clareza: entre o Ricardo com o poder e o Ricardo sem o poder, eu prefiro o que não tenha o peso do poder nas costas, pois se transforma num poço de intolerância e atitudes que beiram a radicalização das relações políticas.
