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SALVEM A ORQUESTRA !

   É revoltante, e porque não dizer, hilariante, o que está acontecendo com a Orquestra Sinfônica da Paraíba. Fundada no […]

   É revoltante, e porque não dizer, hilariante, o que está acontecendo com a Orquestra Sinfônica da Paraíba. Fundada no dia 4 de novembro de 1945 pelo Prof. Afonso Pereira dos Santos, a Orquestra Sinfônica da Paraíba, (OSPB), teve sua primeira apresentação oficial no dia 29 de Maio de 1946 sob a regência do maestro Francisco Picado.

  De lá pra cá, foram muitas alegrias que a orquestra nos trouxe, mostrando sempre harmonia e admiração por todos que curtem a boa música. Alguns regentes que se colocaram a frente da OSPB, a exemplo de Carlos Veiga, José Alberto Kaplan, Eleazar de Carvalho e o maestro paulista Marcos Arakaki, sempre souberam impor sua dualidade cósmica musical aos nobres e competentes músicos que a orquestra compõe.  Com brilho e competência maestros como Miguel Angel Gilard, Isaac Karabtchevsky, John Neschling, Claudio Santoro e Roberto Tibiriçá deram sua total contribuição para que solistas renomados como Nelson Freire, Aldo Parisot, Janos Starker, Artur Moreira Lima, Boris Berman, Bruno Giuranna, Jian Wang, Antonio Guedes Barbosa, Leonardo Altino, Jacques Klein, Elizabeth Lopez e os paraibanos de saudosa memória, Radegundis Feitosa e Sivuca, entre outros, mostrassem seus talentos e se apresentassem a frente da OSPB.

  Nos anos 80, a OSPB foi aclamada como a melhor orquestra do Brasil, a que tinha os melhores salários e seus músicos reverenciados e respeitados. Não faltavam elogios em jornais de todo o país para aquela que era considerada a melhor de todos os tempos. Não foi a toa que as Muriçocas do Miramar, homenagearam a OSPB em um dos anos de seu tradicional desfile, como forma de reconhecimento a esses músicos que só enobrecem a nossa querida Paraíba. Naquele ano, tive oportunidade de ser acompanhado pela orquestra, em um concerto histórico de carnaval, o que pra mim, é motivo de muito orgulho.

  Infelizmente isso mudou! O que atualmente vimos é uma classe desestimulada, sofrida e humilhada pelos baixos salários e o que é pior, subordinados ao poder.

  Com todo respeito que tenho ao regente atual João Linhares, que tive o prazer de dividir palcos em épocas passadas, não se pode admitir imposições a colegas de profissão com tamanha irresponsabilidade, tentando humilhá-los com um tratamento indigno e superficial. Isso não é normal na nossa classe.

   Mesmo sabendo que João Linhares tem sua competência como músico e arranjador popular, sabemos que o mesmo não tem formação didática de regência. A sua indiscutível competência nessa área da música popular não lhe dá os requisitos fundamentais para reger uma orquestra, principalmente quando se trata de música clássica e erudita. Numa comparação a grosso modo, é como se um médico Clínico Geral quisesse fazer uma operação cardíaca em algum paciente enfartado. Cada macaco no seu galho!

   Conversando com alguns músicos, fiquei sabendo de fatos que a princípio poderia até pensar não serem verídicos, não fosse a seriedade destes profissionais. É verdade, amigos, infelizmente!

  A Orquestra Sinfônica da Paraíba sofre hoje o maior exemplo de abuso de poder de todos os tempos. Não existe diálogo entre os músicos e o maestro. Quando um músico, por exemplo, discorda de alguma questão e não se tem argumento por parte de seu regente, simplesmente é imposta a condição da força e da brutalidade. “É assim que vai ser, e pronto!”, “Se tiver achando ruim que saia!” Onde está o diálogo e a democracia?

   Recentemente um dos seus músicos foi posto para fora, no meio de um ensaio, apenas por não querer tocar em baixo de uma goteira. Um absurdo! Uma semana depois o Maestro teve de se curvar ao apelo popular de seus colegas para que o mesmo voltasse. Ora, isso não poderia ser evitado? Pra que tanta precipitação nas decisões? Pra que humilhar um colega de trabalho? São questões que poderiam ser evitadas com um mínimo de senso e compreensão, até porque o salário desses músicos não condiz com a história bonita e grandiosa da orquestra. É outro fato importante.

   Atualmente, um músico da Sinfônica ganha em torno de R$ 770,00 à R$ 1.200,00. Sinceramente acho muito pouco, pelo tamanho da responsabilidade, para ensaiar durante a semana e fazer dois concertos ao mês. Além do mais, a manutenção de cada instrumento é por conta do próprio músico. Vocês sabem quanto custa às cordas de um violino, um violoncelo ou de um contrabaixo? Não?  Procurem saber que vocês vão entender do que estou falando. É praticamente impossível sobreviver a essa realidade assim como é difícil entender a razão do brilhante violoncelista Nelson Campos que atualmente mora no Chile e vem uma semana antes para participar dos concertos. Pela competência de Nelson não é preciso nem ensaiar, mas há de se convir que não seja justo esse privilegio dado a um em detrimento de outros. Nesse caso o senso de igualdade passa longe da justiça.

Uma orquestra não sobrevive sem a total harmonia entre o maestro e seus músicos. É necessário ter sintonia plena entre o líder e seus liderados para que a música possa fluir de forma positiva e harmoniosa. Cabe ao maestro João Linhares e ao Secretário de Cultura Chico Cesar efetivar essa harmonia. Caso contrário, vamos desafinar…

  A música vem do astral e é iluminada pelo silencio das estrelas. Não vamos deixar que essa nuvem passageira comprima nossa música e traga como conseqüência o fim da OSPB. Salve a música! Salvem a orquestra!

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