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O DESCASO COM A EDUCAÇÃO

   É a triste realidade, mas temos que tirar o chapéu para a professora Amanda Gurgel do vizinho estado do […]

   É a triste realidade, mas temos que tirar o chapéu para a professora Amanda Gurgel do vizinho estado do Rio Grande do Norte, que na semana passada deu um verdadeiro show e ganhou notoriedade nacional com seu depoimento, correto e objetivo, sobre o descaso com a educação que vive hoje o país. Em apenas 9 minutos, Amanda trouxe à tona, problemas enraizados no Brasil que são fundamentais para o desenvolvimento cultural, social e econômico de toda e qualquer nação.

   Há como discordar quando a professora afirma categoricamente que em nenhum momento a educação foi prioridade nesse país? A situação precária em que se encontram as escolas, o descaso com a merenda, as salas de aula lotadas, os baixos salários dos educadores, a banalização das condições de ensino, a concepção errônea dos gestores públicos e tantas outras questões, foram tratadas com propriedade de quem vive o dia-a-dia numa angústia infinita pela sobrevivência.

   Seu depoimento não só sensibilizou a nação como provocou a derrubada da máscara de um país que não tem responsabilidade alguma com a educação. Na verdade, trouxe à tona a vergonhosa falta de compromisso com as próximas gerações e a incerteza  de quem só pensa no imediatismo mascarado nas sucessivas gestões, através de falcatruas e inconsistentes desculpas esfarrapadas ou discursos muitas vezes cheios de promessas e sem nenhuma consistência. A realidade brasileira da famigerada educação se alastrou como um câncer silencioso em praticamente todos os estados do país e hoje a única certeza que temos é exatamente a da falta de perspectiva e desilusão.

   Enquanto o Brasil reflete o desabafo da professora Amanda Gurgel, na Paraíba não poderia ser diferente. Recentemente fomos pegos de surpresa por mais um escândalo envolvendo a merenda escolar e, mesmo sendo amplamente divulgada pela mídia nacional, a denúncia, como sempre, acabou numa tremenda “pizza de mugunzá”. Licitações fraudulentas, míseros salários, alimentação imprópria e a péssima qualidade de ensino é apenas a ponta do iceberg que começa a se derreter na concepção de quem acreditou numa possível mudança e hoje vê seu sonho interrompido bruscamente. Sem nenhum critério, professores com 10, 15, 20 e até 30 anos de carreira são demitidos sem justa causa, apenas por tomar algum posicionamento contrário a sua determinação. É fácil justificar medidas de moralização, mas se ponha no lugar de um professor, pai de família, que trabalha na única escola da cidade e que depois de trabalhar por tanto tempo no mesmo local se vê desempregado e o que é o pior, sem nenhuma chance de reconstruir sua vida.

   A greve que perdura há quase um mês tem mostrado a incoerência do governo e toda sua mesquinharia. Enquanto milhares de alunos estão fora das salas de aula, professores em greve são retaliados com perversidade, sejam ativos, pré-aposentados, de licença prêmio, e até mesmo aqueles que não aderiram, os chamados “fura greves”, tem seus vencimentos reduzidos em até 50%. Um absurdo! A falta de sensibilidade do governo em não querer receber os professores, verdadeiros conhecedores dos problemas da educação, é um mau sinal para quem começa uma gestão prometendo ser revolucionária.

   Nesse caso, a promessa do “grande salto” prometido na campanha não passou de uma mentira para se alcançar o objetivo eleitoreiro, plenamente conquistado, mas visivelmente mutilado pela postura incorreta e intransigente de quem não se abre ao diálogo e à convivência.  É o que se pode dizer: um salto efetivado da beira de um abismo!

  

  

 

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