O pesquisador do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Jorge Casé propõe saídas para evitar crise hídrica em Campina Grande. Segundo ele, o abastecimento de água em Campina Grande pode passar por crises intensas na próxima década se não for colocado em prática técnicas que solucionem o caso.
Segundo o especialista, em 2017, o reservatório Epitácio Pessoa atingiu o pior volume da sua história, apresentando 2,9% da sua capacidade total, o que gerou um sistema de racionamento que só foi suspenso depois que as águas da transposição do Rio São Francisco chegaram ao Rio Paraíba. Mas elas podem não ser suficientes para impedir que a escassez volte ao reservatório.
De acordo com o estudo, fatores naturais e interferências humanas afetam o volume de água do reservatório Epitácio Pessoa, que abastece Campina Grande e outros oito municípios paraibanos.
Para criar os possíveis cenários, a pesquisa reuniu dados sobre as tendências de precipitação e de variações climáticas com sistemas de informações geográficas, análises hidrológicas e projeções populacionais.
As projeções de crescimento da população, baseadas nos últimos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que, até 2030, a população dos municípios abastecidos pelo reservatório pode ser de quase 600 mil habitantes.
Com previsões obtidas a partir de dados da Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (Cagepa), esse contingente de pessoas utilizaria cerca de 5 milhões de litros de água por mês.
Nesse cenário populacional, as tendências de precipitação e de variações climáticas apresentaram três previsões diferentes para o volume de água no reservatório, com reduções de precipitação de 40%, 45% e 50%.
“Independente do volume de precipitações, o reservatório pode chegar ao volume morto já no ano de 2023”, alerta. Para o pesquisador, embora no ano seguinte as previsões de volume de chuva possam fazer com que a capacidade máxima seja quase alcançada, em 2029 já estaria bastante reduzida novamente, podendo secar no cenário com maior redução de precipitação.
Alternativas
Como alternativas, o especialista indica a instalação e reativação de estações pluviométricas e fluviométricas ao longo da bacia do Rio Paraíba, assim bem como o monitoramento e identificação de outros reservatórios para diagnosticar onde a água pode ficar retida.
Outro ponto abordado na pesquisa de Jorge Casé é a importância de um uso mais consciente da água. “Talvez mais preocupante do que a falta de chuva é a falta de uma gestão e de população mais consciente do consumo desse recurso”, avalia o geógrafo.
O pesquisador ressalta ainda que é importante incentivar práticas conservacionistas por parte de agricultores, para preservação do solo, e a realização de campanhas de conscientização dos habitantes para melhor utilização da água.
A pesquisa é uma parceria entre o Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) e o Centro de Tecnologia (CT) da UFPB.