Parlamentares Lagartixas

    Ainda existem cidadãos de coragem e que não baixam a cabeça para determinadas situações impostas por esse governo. É raro, mas existe!

   Recentemente a atitude do Deputado Janduhy Carneiro em não votar a Medida Provisória que “terceiriza” o Hospital de Trauma pela Cruz Vermelha, sinalizou com clareza o que os “deputados governistas” estão sofrendo em ter que admitir o errado para não correr o risco de perder seus empregos e cargos nessa administração. O sentimento de perplexidade misturado à insegurança e a falta de perspectiva parece ter dominado a cabeça dos parlamentares que a cada dia sentem o peso de como é difícil se submeter às medidas ditatoriais e perseguitivas de quem os governa. Não acredito que no íntimo compactuem com tantos projetos incoerentes e absurdos. Acho mesmo que acabam fazendo vistas grossas para o que efetivamente está incorreto direcionando seus mandatos para o fisiologismo em defesa do seu próprio umbigo. Essa é a verdade!

   Outra verdade é que a partir de agora muitos começaram a conhecer a personalidade do novo governante pela proximidade da convivência, situação de fato que não existe.  Nesse aspecto, ter como chefe uma pessoa inconseqüente ao ponto de massacrar seus próprios aliados e não admitir que tenham opinião própria é no mínimo constrangedor. Atualmente é quase uma unanimidade, diga-se de passagem, vergonhosa, a situação em que esses parlamentares se encontram. Aquele que não “balançar a cabeça” para os projetos absurdos e obscuros do governo, fatalmente é submetido à força ditatorial do coletivo girassol e conseqüentemente são guilhotinados. Em outras palavras, tem que ser “parlamentar lagartixa” caso contrário fica sem o rabo ou a cabeça, já que o governo além de retirar seus cargos, influencia diretamente em suas bases manipulando e arrancando-lhes o que ainda resta do pouco poder. Ora, sabemos que todo parlamentar da base da situação sofre o ônus e o bônus ao defender o Governo. Isso é fato!  Nem por isso, no entanto, é necessário submeter à falta de opinião ou votar em matérias que são verdadeiramente contra os anseios da sociedade. O que Janduhy fez foi isso. Votou consciente acompanhando o parecer do procurador geral do Trabalho na Paraíba, Eduardo Varandas e a vontade da sociedade. Acabou pagando um preço alto por isso. Será que é pecado ser honesto consigo mesmo e ficar do lado da população?  Já vi esse filme antes!

   Na histórica campanha de 2004, o que mais se ouvia nos palanques era a frase do então candidato a prefeito e hoje governador Ricardo Coutinho de que queria “uma câmara independente e não  admitia  parlamentares lagartixas”. Foi exatamente com esse discurso repetitivo e “contagiante” que muitos embarcaram nessa ilusão passageira e mentirosa, inclusive eu e todos os companheiros de bancada, já que na prática o espírito de coletividade e discussão desapareceu logo após o resultado das urnas. Da mesma forma de que quando prefeito subestimava os vereadores hoje subestima os deputados. Parlamentar para ele não existe. Acreditem! Tem de ser lagartixa!

   Talvez a maior mentira da política paraibana tenha se revelado mais cedo do que se imagina e ninguém tenha percebido a sua real intenção por acreditar cegamente que poderíamos melhorar. Quando prefeito, o seu governo foi respaldado por uma aliança consolidada que acreditava na possibilidade de uma mudança, tanto temperamental como política. Graças à atuação da bancada federal e os recursos do Governo Federal sua gestão foi alavancada e acabou dando certo. Mas será que a população sabe o que realmente esteve por trás de tudo isso? Com certeza não!

   Hoje, porem, como Governador, a sociedade começa a enxergar claramente que não existe perspectiva futura de quem só sabe conjugar verbos na primeira pessoa do singular.  Enquanto os escândalos se acumulam nas redes sociais e na imprensa Nacional, o patrulhamento ideológico continua firme e forte fiscalizando os subservientes e direcionando a mídia.  O lema principal continua sendo o “Poder pelo Poder” e quem não for “parlamentar lagartixa” fatalmente irá padecer.