O padre Egídio de Carvalho, em conjunto com as diretoras do Hospital Padre Zé Jannyne Dantas e Amanda Duarte, mantinham um esquema de cobrança de propina de fornecedores da unidade de saúde, segundo apontou a investigação do Gaeco do Ministério Público. O ClickPB obteve, com exclusividade, acesso a documentos oficiais da investigação que apontam para um desvio de mais de R$ 300 mil em equipamentos hospitalares nunca recebidos.
Segundo a investigação, durante a pandemia de Covid-19 o Hospital Padre Zé adquiriu 38 monitores multiparamétricos através do convênio nº 039/2021, da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de João Pessoa, com a empresa Cirúrgica Nordestes Comércio de Material Médico, como confirmou o ClickPB. No entanto, nenhuma destes aparelhos chegou até a unidade de saúde.
Cada monitor multiparamétrico estava orçado em R$ 9.577. O valor total dos 38 aparelhos seria de R$ 363.926 para os cofres do Instituto São José, que controla o Hospital Padre Zé, segundo apurou o ClickPB. O problema é que o valor foi pago, mas os equipamentos nunca chegaram ao destino que deveriam e o Hospital Padre Zé nunca contou com estes equipamentos.
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No último mês de outubro foi realizada uma auditoria em companhia da Coordenadora de Manutenção e Patrimônio que atestou que estes equipamentos nunca foram recebidos pela unidade hospitalar. A auditoria ainda identificou que o Hospital Padre Zé tem seis monitores multiparamétricos. Porém, nenhum destes foi adquirido através do convênio que deveria ter fornecido os 38 equipamentos.
A investigação do Ministério Público da Paraíba, segundo apurou o ClickPB, identificou que houve o pagamento por bens que nunca foram recebidos e o consequente desvio dos recursos de convênio municipal. O assunto chegou a ser debatido entre a diretora administrativa Jannyne Dantas e a tesoureira Amanda Duarte através de aplicativos de conversa.
O monitor multiparamétrico é um dos equipamentos mais usados dentro de um hospital. Através dele é possível acompanhar os sinais vitais do paciente. A equipe médica consegue, através do monitor multiparamétrico, as indicações sobre a condição de saúde atual do paciente por meio da tela e alarmes visuais.
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Operação Indignus
O padre Egídio de Carvalho é investigado por desvios de recursos e doações que deveriam ter sido destinadas para o Hospital Padre Zé para benefício próprio. No início de outubro foi deflagrada a operação Indignus após virem à tona denúncias de um esquema de furtos e desvios das doações e recursos públicos recebidos pelo Hospital Padre Zé. A unidade de saúde, localizada em João Pessoa, era dirigida pelo padre Egídio.
Ainda no mês de setembro o padre Egídio foi afastado da direção do Hospital Padre Zé pela Arquidiocese da Paraíba. Uma nova equipe foi designada para comandar a unidade de saúde e determinou, inclusive, a realização de auditorias.
Como acompanhou o ClickPB, a Arquidiocese revelou que o padre Egídio havia contraído o valor de R$ 13 milhões em empréstimos em nome do Hospital Padre Zé. A destinação deste dinheiro ainda não foi revelada.
A Operação Indignus cumpriu mandados em dez imóveis que seriam do padre Egídio, dentre eles uma granja na cidade de Conde e apartamentos em prédios de luxo na orla de João Pessoa. Como trouxe o ClickPB, os investigadores encontraram nos locais muito luxo e itens de ostentação. Os imóveis eram equipados com lustres e projetos de iluminação requintados. Também chamou atenção que na granja havia móveis rústicos de madeira avaliados em R$ 3 milhões, além de 30 cães da raça Lulu da Pomerânia. Uma pesquisa do ClickPB revelou que um cão desta raça pode ser comercializado por até R$ 10 mil.