Já cheguei a questionar algumas coisas na vida, mas nunca questionei as respostas que a própria existência nos revela. Ao certo, muitas coisas que não entendemos são reveladas nas atitudes do dia-a-dia e esclarecidas por gestos e sinais emitidos pelo próprio universo.
Ninguém até hoje sabe ao certo a verdadeira razão de nossa existência. Qual teria sido a missão que nos foi dada quando fomos escolhidos para nascer no seio daquela determinada família? Por que uns nascem em berço de ouro e outros não tem a mesma sorte? Quais os critérios estabelecidos diante tamanha disparidade social e injustiças que vemos no mundo? A verdade é que ninguém sabe ao certo o que viemos fazer aqui e por mais que tentemos decifrar a grande incógnita da humanidade, sempre ficará no ar uma interrogação duvidosa na cabeça de cada ser desse Planeta. Por mais que as pessoas se peguem a religiões, doutrinas, seitas ou permaneçam céticos em seus pensamentos, existe um contraponto fundamental para entendermos a nossa vida. Partindo do pressuposto que somos feitos com tempo de validade, desde o nascimento até a morte, o certo é que viemos aqui para plantar algo que fique para eternidade. Seja de bom ou de ruim. Essa é a verdade! É como diz o ditado: quem tem mel dá o mel, quem tem fel dá o fel. Se assim não fosse certamente teríamos uma humanidade mais igualitária e preocupada com o próximo. Da mesma forma que existe o bem, existe o mal infernizando a sua doce vida. É assim, desde que o homem descobriu que pode ser mais. É assim desde que o homem descobriu o dinheiro como moeda de troca. É assim desde que o homem se encantou pelo poder e fez dele um trampolim para sua própria história. Infelizmente é assim!
Certa ocasião um repórter perguntou ao Dalai Lama: “o que te mais surpreende na humanidade?”. E ele respondeu: “o homem… porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde”. “E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro”. “E vivem como nunca fossem morrer… e morrem como nunca tivessem vividos”. A humanidade caminha como a teoria do Lama e as conseqüências certamente são catastróficas. Ninguém, ou quase ninguém pensa na coletividade como uma forma de compartilhar suas vidas e experiências se voltando apenas para o imediatismo.
O sistema capitalista tem aos poucos deteriorado o nosso planeta e gradativamente perdemos a consciência do quanto está ficando perigoso para as futuras gerações. Crescemos assustadoramente em passos cada vez mais largos, sem nenhum planejamento e preocupação em relação à preservação do meio ambiente. A natureza tem dado as suas respostas e sua revolta está ficando cada vez maior. O homem perdeu a noção de solidariedade, amizade, carinho e amor. Por conta disso está ficando cada vez mais egoísta e individualista. As famílias estão cada vez mais dispersas e enclausuradas em seus quartos, televisões e computadores. Aos poucos a socialização e a naturalidade da comunicação estão desaparecendo. No campo da política, essência fundamental para a construção da humanidade, perdeu-se o respeito e a consistencialidade daquilo que ela representa. Os vínculos são pessoais e os poderes cada vez mais vislumbram suas próprias vontades. O sistema está corrompido há séculos. Vivemos uma mentira onde a ambição pelo dinheiro cada dia destrói mais os conceitos de vida.
Nessa perspectiva tecnológica e globalizada, a verdade é que nos tornamos cada vez mais virtuais e desprovidos de sentimentos fundamentais para a continuidade do mundo. A natureza reclama! O Planeta sobrevive adoecido pelas atitudes imediatistas do homem. Perdemos a noção do quanto estamos sendo nocivos para com o universo. Até quando a Terra resistirá?
Diante tantas incoerências atribuídas aos seres humanos só nos resta fazer a nossa parte, cultivar nosso próprio jardim alimentando-nos de fé, conectando-se com a consciência e cuidando dos valores essenciais que move a vida tentando amenizar dessa maneira a angústia do mundo. Se cada um fizer a sua parte, cuidar de seu jardim, regando e plantando amores, não tenho dúvidas que as flores ainda poderão brotar. Caso contrário viveremos a desertificação gradativa de todos os sentimentos inerentes ao homem.