Fuba

Adeus praia, sombra e água fresca!

   Essa semana será definida a remoção das barracas e bares da orla do Bessa.    Depois de um moído […]

   Essa semana será definida a remoção das barracas e bares da orla do Bessa.

   Depois de um moído quase sem fim, entre brigas judiciais, abuso de medidas radicais e alguns fatos isolados que reitera a forma ditatorial dos poderes e suas instâncias, chegou-se a um forçado acordo entre proprietários e a Prefeitura Municipal de João Pessoa na intenção de solucionar o impasse.

   Na base do “ou vai ou racha” os donos destes estabelecimentos se viram obrigados a aceitar as migalhas indenizatórias oferecidas pela prefeitura sob pena de ter seus estabelecimentos derrubados pelas máquinas perversas do poder, assim como foi feito no Aeroclube e tantos outros “points” da cidade.

   Funcionando na base da pressão e sob liminar, a prefeitura aos poucos induziu os proprietários a “jogarem a toalha” embora esteja configurado nas entrelinhas um interesse no mínimo estranho e obscuro. Nessa perspectiva o poder acabou vencendo pelo cansaço e esses comerciantes para não perderem a boiada aceitaram o boi como um consolo de Natal.   Longe de uma negociação transparente a pergunta que fica é: o que está por traz disso tudo? Por que destruir os bares exatamente na chegada do verão quando recebemos o maior fluxo de turistas? Por que agora essa pressa? Por qual razão não foi implantado o Projeto Orla que previa a padronização dos bares e restaurantes do Bessa? Pelo que se tem conhecimento a verba para realizar o Projeto Orla que, diga-se de passagem, até hoje não saiu do papel, está com o prazo expirando coincidentemente em dezembro de 2011 e nunca houve verdadeiramente interesse da prefeitura em querer realizar a obra. Por que será?  Não tenho dúvidas, porém, que em breve o interesse maior aparecerá. Quem viver verá!

  Hoje, no entanto, não vejo mais razão para questionamentos já que tudo ficou resolvido com a “aceitação”, embora que forçada, de alguns proprietários que compõe a orla “bessiana”. Não custa nada lembrar, porém, o efeito devastador que isso causará em várias pessoas que tem na praia o principal lazer dos finais de semana. Muitas famílias só em ouvir falar dessa possibilidade já começam a reclamar do perigo que ficará essa parte do litoral. Para quem não sabe, é no Bessa que se encontra o maior fluxo de “tarados profissionais” que usam e abusam das mulheres infernizando e perseguindo em suas caminhadas matinais. Além desses desequilibrados sexuais, vez por outra um assaltante tenta pescar celulares de banhistas desavisados. Como freqüentador, já presenciei esse tipo de gente inclusive sendo espancados pelos próprios banhistas. Estes incidentes certamente aumentarão.  Os bares, nesses casos, funcionavam como um fiscalizador natural e muitos trabalhadores, vigias ou até garçons acabavam inibindo as ações desses marginais.

   Os bares do Bessa nunca deixaram de ser de utilidade pública já que sempre estavam munidos de algum equipamento de primeiros socorros. A limpeza do entorno era outra preocupação dos estabelecimentos e queira ou não, contribuíam para a preservação da natureza. Servia de ponto para homens, mulheres e crianças refrescar-se na sombra além de permitir acesso para as suas necessidades fisiológicas. Onde será feita agora essas necessidades? Tem idéia? Não se admire em algum momento, depois de um mergulho, se deparar com fezes boiando misturados a outros tipos de dejetos. É isso que vai acontecer!

    Pode até ser que a demolição dos bares embeleze a orla em termos de “poluição visual” como alguns defendem, mas quem garante que não teremos uma favelização gradativa e predadora causada pelos farofeiros?  Particularmente não tenho dúvidas que isso irá acontecer.  Dificilmente, por exemplo, essa gente respeitara a desova das tartarugas que dentro em breve servirá de tira-gosto para a cachaça e o conhaque. Podem anotar: nossa praia ficará mais poluída e carregada de descartáveis, garrafas, plásticos e tudo que é lixo provocado pela falta da educação desses banhistas. Duvido muito que eles tragam de suas casas uma sacolinha para por o lixo e o resto de suas farras.

   Por outro lado a atitude da derrubada provocará uma verdadeira baixa no mercado daqueles que sobrevivem da praia prejudicando diretamente fornecedores, trabalhadores e pais de famílias. Como ficarão essas pessoas que de uma hora para outra ficarão desempregadas? Pelo que se sabe são mais de 300 funcionários diretos e outras centenas que vivem do comércio alternativo da praia. São garçons, cozinheiros, fornecedores de peixe, camarão, lagosta, caranguejo, frutos do mar, frutas, verduras além de ambulantes vendendo coco, água mineral, picolé, amendoim, sorvete, óculos, CDs, bronzeadores, canga e tantos outros produtos. São várias famílias desempregadas às vésperas do Natal sem contar com mais uma área que desaparece do cenário turístico pela força do poder que certamente estará na noite natalina tomando champanhe e comendo caviar. É dessa forma que se pensa a cidade. Infelizmente!

   A retirada dos bares do Bessa é um desrespeito a cultura de nossa cidade e tira definitivamente a poesia de se beber uma água de coco na sombra, com os pés na areia, contemplando o horizonte da terra, do céu e do mar. É a nossa cultura sendo substituída por interesses mesquinhos e a essência da natureza sendo esmagada por aqueles que não têm compromisso nenhum com a sociedade. Lamentável!

  

 

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