Não sou nenhum analista político, mas quem imagina que as eleições desse ano será uma “mão na roda” para a situação ou “um passeio” para a oposição, podem tirar o cavalinho da chuva que não vai ser fácil nem para um nem para o outro. Faltando pouco mais de seis meses para termos o veredicto das urnas ainda não se tem objetivamente as pré-candidaturas formalizadas e nem tão pouco o eleitor sabe em quem vai votar. É natural que toda campanha política só vá às ruas depois das convenções partidárias. É a Lei! Na Paraíba, no entanto, o tempo vem causando turbulências em quase todas as pré-candidaturas e os próprios partidos estão completamente indefinidos em qual candidato apostar as fichas de um jogo que mal começou e já provoca uma infinidade de discórdias, traições e inseguranças.
A verdade é que esse será um jogo diferente, com muito mais pimenta no tempero das eleições. O fato de ser um pleito com característica plebiscitária deixa nas entrelinhas a vontade do povo querer dar um troco ao sistema atual ou se acomodar de vez a intempérie governamental. Trocando em miúdos, a população não agüenta mais a hegemonia do poder e isso é um fato de extrema relevância quando a disputa passa a ter essa conotação. De qualquer forma essa será uma campanha das oposições contra o próprio governador.
Se analisarmos friamente as candidaturas postas veremos que a bancada de situação, mesmo com todo desgaste do governador Ricardo Coutinho, ainda se encontra em posição confortável e com várias opções na manga para uma virtual disputa. Enquanto a oposição dribla o tempo entre brigas e desacertos a situação já lançou três candidatos no páreo, perceberam? Além disso, tem a seu favor as duas máquinas governamentais que poderá ser transformado em um verdadeiro rolo compressor. Isso também faz diferença!
A candidata Estelizabel do PSB, por exemplo, está de vento em popa nos bairros, fazendo reuniões e até carregando o herdeiro do governador no colo em eventos e manifestações populares da cidade. Atualmente é a preferida do Governador, mas isso poderá mudar caso não suba nas pesquisas de opinião pública. Nonato Bandeira, (PPS), com todo seu conhecimento e articulação, consolida aos poucos seu nome e de certa forma tem mostrado que não está para brincadeira. Imaginava-se que ele seria a “bola da vez”, mas não foi. Não sei até que ponto sua candidatura alavancará depois que deixar a caneta da Secretaria de Comunicação. Caso esteja tudo combinado com Ricardo, a leitura é uma. Caso se efetive um rompimento, o que acho pouco provável, a leitura pode ser outra bem diferente. Essa incógnita só será desvendada nos próximos dias já que o “Rei” não permite de hipótese alguma que seus “súditos” tenham vida plena ou luz própria. De qualquer forma, pelo menos por enquanto, ainda continua sendo um candidato governista. A terceira opção e que aparentemente foi descartada, é a candidatura a reeleição do próprio prefeito Luciano Agra, também do PSB. O “Rei Ricardo” não é besta e caso seus candidatos não emplaquem não tenho dúvidas que ele chamará o “feito a ordem” e “intimidará” o prefeito para o “sacrifício”. Isso pode até ter sido combinado. Não duvido!
Já do lado oposicionista a situação é bem diferente. A candidatura de Cícero Lucena (PSDB) ganha força por representar a mais oposicionista de todas. O Senador é o inimigo número 1 do atual governador e a sua candidatura representa um contraponto às gestões socialistas. Poderá sofrer algum desgaste durante o percurso, mas a preço de hoje, sem dúvidas, é a mais forte. As pesquisas indicam isso! Já o ex-governador José Maranhão, depois de muita disputa com o Deputado Federal Manoel Junior, conseguiu emplacar o seu nome com o respaldo do PMDB nacional. Talvez o nome de Manoel fosse a melhor opção do partido pelo baixo índice de rejeição e ser um deputado atuante com discurso contundente e afiado. Nessa eleição, quem não bater será batido e isso será fundamental na postura de todos os candidatos. Com a sua saída, o nome do ex-governador passa a ser uma incógnita que poderá causar surpresas ou também decepções. Tudo dependerá do empenho do próprio partido e da aglutinação em torno do seu nome. Será que depois de tantas derrotas e disputas internas o partido sairá coeso? O tempo dirá! Não deixa de ser, porém, um candidato forte e com possibilidades concretas. O fiel da balança, no entanto, poderá vir do PT. Caso os filiados petistas optem pela candidatura própria em eleição prevista para o próximo dia 18, o cenário muda por completo a vida política da capital. Luciano Cartaxo poderá ser a grande surpresa das eleições e a oportunidade real, pela primeira vez, de se ter um prefeito em sintonia direta com o Governo Federal. Tem tudo para crescer e chegar num eventual segundo turno. Se chegar lá, é o prefeito. Podem escrever! Caso o PT continue coadjuvante governista, novos candidatos deverão aparecer e partidos como o PTB de Tavinho Santos e o DEM, entre outros, não perderão a oportunidade de ocupar o vácuo político que a cidade vive, podendo até lançar o Major Fábio ou quem sabe, o próprio Efraim Filho de perfil jovem e inovador e que poderá fazer a diferença. Ainda temos as candidaturas de Geraldo Amorim (PDT) e Dr. Ítalo Kumamoto (PSC). O primeiro é sem dúvida um excelente vereador e poderá correr em raia própria mesmo sabendo das dificuldades que terá para alcançar o seu objetivo. Já Dr. Ítalo representa cara nova na telinha e isso poderá criar expectativas no eleitorado. Se o discurso for convincente, pode surpreender. De toda forma são candidatos que tem histórias e não podemos subestima-los.
Independente de quem será ou não candidato, a política na Paraíba nunca esteve tão tumultuada nos últimos tempos pela falta de ideologia e novas lideranças. Parece até que uma nuvem pesada e desagregadora ronda o céu da cidade desconectando a bússola da história deixando partidos e candidatos sem rumo e sem direção. Esse quebra-cabeça, no entanto, está perto de ser desvendado. É só aguardar as cenas dos próximos capítulos.