Está cada vez mais explícito que na política existe um conceito diferente e corriqueiro de se mudar de opinião ou até de se fazer de conta que não existe nada que impeça um novo namoro ou uma nova coligação entre partidos. É necessário entender, no entanto, que nem sempre a ideologia funciona como fator primordial para efetivar esses acordos muitas vezes prejudiciais e sem sentido e, em outras vezes, essenciais para dar prosseguimento a algum projeto em curso.
Atualmente o que mais tem acontecido são pessoas e partidos mudarem de opinião da noite para o dia, e, de uma hora para outra, se ver de mãos dadas com antigos algozes e inimigos. É preciso enxergar, porém, a importância do que está nas entrelinhas de todos os processos e o que leva a efetivação destas coligações. O conflito de interesses, por exemplo, é um dos motivos para algumas debandadas de lideranças e partidos. Outro fator que contribui para novos aconchegos políticos é o tempo determinado pelo TRE em relação à mídia televisiva. Nesse caso o tempo de televisão passa a ser mais importante do que a própria ideologia. Dentre tantas modalidades é necessário saber analisar os verdadeiros motivos sem julgar antecipadamente o que de fato fez acontecer à coligação A ou a coligação B. Existem coligações contraditórias e sem sentido apenas pela construção e perspectiva do “poder pelo poder” como foi no caso das eleições de 2010 quando o atual governador Ricardo Coutinho passou uma rasteira no seu aliado Maranhão e procurou o colo de Cássio Cunha Lima e Efraim Morais visando unicamente os votos de Campina Grande e do interior. Falo isso pela conclusão de algumas pessoas terem criticado o fato de Luciano Cartaxo ter recebido o apoio de Luciano Agra recentemente e ter colocado Nonato Bandeira como vice em sua chapa. É importante frisar que Agra, da mesma forma que Nonato, foi traído por esse grupo político e já não fazem parte desta seara. Ora, será que os candidatos de oposição ficaram caladinhos depois que aconteceu esse rompimento? Muito pelo contrário! Pelo que se sabe, todos queriam seu apoio e isso é um fato que não pode deixar de ser levado em consideração. É bom lembrar que todos os candidatos de oposição procuraram Agra ou mandaram interlocutores na tentativa de receber o seu apoio. Ou não? Não vamos ser hipócritas ao ponto de não admitir isso ou fazer vista grossa na tentativa frustrada e eloqüente de todos que fazem a oposição. O fato é que Luciano Agra sentiu e viu em Cartaxo a possibilidade de se construir um novo caminho. Foi Agra que escolheu apoiar o PT e evidentemente indicou Nonato por ter sido os dois traídos por Ricardo Coutinho. Ora, “não existe remédio sem contra indicação”. Na política você não rejeita apoio espontâneo ainda mais quando se tem um projeto para cidade e um projeto político de acabar com essa ditadura implantada pelo atual governador.
É necessário entender que o maior traidor de todo esse processo é o atual governador que num ato de ingratidão e centralização não soube democratizar seu partido para a reeleição do atual prefeito e com isso jogou sua história e a de seus correligionários no lixo. Do mesmo modo que traiu Agra, Nonato e tantos outros que ajudaram construir a sua trajetória, os que continuam acompanhando sentirão em breve, mais cedo ou mais tarde, o peso dessa realidade. Essa é a verdade! Prova disso está nos últimos acontecimentos políticos que envolvem o seu partido e seus dirigentes. Num ato de pura perseguição e em resposta ao acompanhamento democrático e natural de qualquer agremiação, o vereador Bira está sendo barrado pelo seu partido de ser candidato a reeleição simplesmente por não ter acompanhado o ato ditatorial de seu antigo aliado. Ainda bem que toda essa maldade eu consegui perceber antes de qualquer um deles e hoje o que mais recebo das ruas é a solidariedade de quem antes me julgou errado e hoje reconhecem os seus erros. O tempo é senhor da razão!
É nessa perspectiva, em plena véspera de começar mais um pleito eleitoral, que me despeço dessa coluna agradecendo a todos que me acompanharam nesses últimos 14 meses. Agradeço ao colega Janildo Silva e a direção do clickpb pelo convite e aos que elogiaram, criticaram e de certa forma colaboraram dando sugestões de pauta ou interagindo com o que escrevi e pensei. Em vez de um adeus prefiro me despedir com um até breve mesmo porque a “humanidade está condenada a eternidade” e tenho certeza que muita coisa ainda terá oportunidade de ser dita e refletida. Valeu!