Nem só dos processos contra seu mandato na Justiça Eleitoral vive o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego. Aliás, no âmbito jurídico o desempenho de Veneziano tem sido até mais elogiável e menos temeroso que no campo político. Neste, sim, concentra-se sua maior dor de cabeça nos últimos dias.
Sem parentes na linha de sucessão, o prefeito decidiu por conta própria e sem consultar aliados históricos, “fabricar” um candidato, ou melhor, uma candidata, para enfrentar o poderoso grupo Cunha Lima, que comandou os rumos da Rainha da Borborema durante vinte anos.
Tatiana Medeiros, gabaritada profissional da área médica que vem desempenhando um bom trabalho à frente da Secretaria Municipal de Saúde, foi escolhida para a missão de desbancar o senador Cássio e sua turma, mantendo a hegemonia política da família Vital no segundo maior colégio eleitoral da Paraíba.
Não se pode duvidar da capacidade profissional da moça, mas também não se pode negar que ela entra no campo de batalha sem munição própria. Tatiana nunca foi testada nas urnas, nunca disputou eleição. E, até onde se sabe, não aparenta muita vocação para a política. Dependeria unicamente de uma hipotética transferência de votos de Veneziano.
Sabemos que transferir votos não é fácil. Veneziano disputar eleição contra o candidato de Cássio é uma coisa. Outra coisa, totalmente diferente, é a candidata de Veneziano, sem tradição política e neófita na disputa eleitoral, contra um parente de Cássio (o primo, Romero, ou o filho, Diogo).
Pois bem, além de bancar um projeto tão arriscado, o “Cabeludo” ainda se dá ao luxo de ignorar aliados de primeira hora, testados e aprovados nas urnas, como o vice-prefeito José Luiz Júnior (PMDB) e o deputado Guilherme Almeida (PSC). Além de manter-se distante do PP da deputada Daniela Ribeiro, que lidera todas as pesquisas divulgadas até agora,
Não se sabe ainda o que levou Veneziano a trilhar um terreno tão perigoso, mesmo estando em confortável situação. Talvez não tenha tanta confiança nos aliados quanto em sua privilegiada auxiliar. Mas, o prefeito sabe que não pode errar. Tem consciência também do risco de ver sua candidata sequer chegar ao segundo turno ou ainda, se chegar, perder o apoio de José Luiz, Daniela e Guilherme para seu principal adversário. A sorte está lançada.
Que vergonha
Sinceramente, é uma vergonha a situação do PT da Paraíba. Mesmo com pré-candidatos a prefeito em João Pessoa e Campina Grande, o partido continua pendurado nas “tetas” das duas prefeituras. Uma ala é paga por Veneziano e a outra por Luciano Agra. As duas lutam para não perder as “boquinhas”.
Documentando
Adversários de Nabor Wanderley teriam encaminhado ao ex-governador José Maranhão vasto material contendo entrevistas do prefeito de Patos defendendo mudança no comando do PMDB da Paraíba. Ou seja, a substituição de Maranhão. Seria para uso futuro.
Jota Júnior avança
Calado, ao estilo “mineiro”, o prefeito Jota Júnior avança nas negociações políticas para fazer o sucessor em Bayeux. Tudo leva a crer que um grupo “poderoso” que era adversário do prefeito em 2008 está de malas prontas para desembarcar em seu palanque. É coisa para resolver a parada.