A pesquisa “Competências socioemocionais no serviço público: um estudo com gerentes de atendimento do INSS”, da Pós-Graduação em Gestão Pública e Cooperação Internacional (PGPCI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que, para gerenciar serviços públicos, é preciso ter essencialmente consciência de si, equilíbrio, cooperação, respeito às diferenças e criatividade.
De acordo com o autor da dissertação, Wilker Macêdo, a ideia do trabalho, sob orientação do professor Anielson Barbosa e defendida em 2018, surgiu pelo interesse em analisar espaços onde o estresse parece estar mais presente, demandando níveis altos de competências socioemocionais para ser bem-sucedido.
“As competências socioemocionais são fundamentais e indispensáveis para a ação gerencial bem-sucedida no serviço público. As pessoas entrevistadas demostraram nível alto de estresse, desmotivação pela falta de apoio ao gestor e criatividade por meio de estratégias de regulação emocional em sua rotina de trabalho”, destaca o pesquisador.
O estudo foi realizado com 424 pessoas (220 do gênero feminino e 204 do masculino, 46% possuindo idades entre 30 e 39 anos) que trabalhavam nas agências da Previdência Social do país.
Dentre elas, constatou-se que as mulheres possuíam níveis mais elevados de consciência de si e social e as pessoas mais experientes maiores níveis de equilíbrio, trabalho em equipe e criatividade, excetuando-se apenas no respeito às diferenças.
“As pessoas desenvolvem competências emocionais por meio da experiência vivida. Quanto mais tempo de idade, de gestão e de serviço, mais experiências uma pessoa vivencia, possibilitando apreender comportamentos emocionalmente competentes. Isso cai no autocontrole, que acaba sendo uma exceção, especialmente no respeito às vivências diferentes”, salienta Wilker Macêdo.
As competências socioemocionais foram percebidas, afirma o pesquisador, por meio da frequência com que uma pessoa demonstrou comportamentos emocionalmente competentes no trabalho.
A consciência emocional é uma competência que diz respeito ao “perceber, compreender os próprios sentimentos e os sentimentos dos outros, para manter relacionamentos construtivos”.
Para a do equilíbrio emocional, é necessário “manter-se equilibrado em situações estressantes, de mudança e de decisão”.
No que toca o trabalho em equipe, é requerido “ser acessível e cooperativo, assumindo responsabilidade pelas suas ações”.
Quando se trata do autodomínio, as necessidades são “controlar as próprias emoções em situações estressantes e respeitar comportamentos diferentes dos seus”.
Por fim, a competência da criatividade emocional distingue o “ser criativo na resolução de problemas, no uso e gestão das emoções, ao estabelecer parcerias com pessoas”.
Para Wilker Macêdo, “quanto mais frequente uma pessoa agir de forma competente emocionalmente, maior será o nível das competências socioemocionais”.
Dados do Ministério da Economia, Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, em fevereiro de 2017, mostraram que os afastamentos por Transtornos Mentais e de Comportamento (TMC) ocupavam o segundo lugar na frequência de licenças no serviço público, entre 2011 e 2017. No ano de 2010, esses transtornos ocupavam o primeiro lugar.
Diante desse cenário, Wilker Macêdo defende que “competências socioemocionais são as que mais impactam no serviço público, possibilitando sucesso na ação gerencial”.