O Conselho de Medicina da Paraíba decidiu interditar os profissionais médicos trabalhando no Hospital de Trauma de Mangabeira, o Trauminha, devido a irregularidades não solucionadas após dez fiscalizações do órgão.
Em transmissão ao vivo realizada nesta sexta-feira (28), o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais, apresentou as razões da decisão de interdição. Assista abaixo.
Confira abaixo a lista das principais inconformidades identificadas no hospital pela inspeção da CRM-PB:
- Escala médica incompleta, especificamente nos sábados e domingos, tendo apenas um médico para atender sozinho as salas vermelha e verde, além da urgência
- Falta de medicamentos (Antibióticos, Anti-inflamatórios, Anticoagulantes)
- Falta de material cirúrgico (Telas, órteses, próteses, gazes, luvas, drenos, campo cirúrgicos, roupas, fios cirúrgicos)
- Quantidade insuficiente de equipamentos para atender a demanda (capnógrafos, monitores e respiradores)
- Ambiente inseguro (relatos de agressão e de consumo de substâncias ilícitas no interior da unidade)
- Consultório médico sem maca para examinar paciente
- Pacientes com cirurgia infectada na mesma enfermaria de pacientes com cirurgia limpa
- Mais de sete dias para a realização de cirurgias
- Leitos sem lençóis
- Falta de higiene nos quartos e banheiros, com mofo e presença de insetos
- Estrutura física das enfermarias em péssimas condições, com banheiros necessitando de reparos
- Iluminação insuficiente nas enfermarias para a realização de procedimentos técnicos
- Falta de privacidade (Apesar das enfermarias estarem separadas por sexo, os acompanhantes são, na grande maioria, do sexo oposto)
- Cadeiras de rodas para transporte dos pacientes com defeitos
- Enfermarias sem ventilação, sendo utilizado grande números de ventiladores levados pelos acompanhantes
- Leitos com defeitos (camas sem elevação de cabeceiras)
“Em quatro anos fizemos 10 fiscalizações. As irregularidades não foram sanadas, ele continua em péssimas condições, diria até que piorou muito, e a razão para interditar é justamente essa. Essas irregularidades tem um potencial de risco alto para os médicos e para quem procura o serviço.”
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“A grande maioria dos médicos trabalham com contratos precários, sem nenhum vínculo de concursados”, explicou.
Também foi listada a insuficiência de médicos para atender os pacientes, e a falta de remédios, gaze, esparadrapo, antibióticos, analgésicos e outros insumos. Muitos pacientes estariam levando insumos próprios para ser atendidos no hospital.
As fiscalizações identificaram relatos de agressões, uso de drogas e sexo ocorrido na unidade, sem controle de fluxo de quem entra e sai.