Clilson Júnior

Espetacularização da justiça na mídia

O circo montado desde os primórdios da acusação à Dilma Rousseff serviu apenas para alimentar a sensação de criminalidade que o governo do PT continha

Espetacularização da justiça na mídia

O sistema político brasileiro vem passando por um colapso absoluto das funções exercidas das autoridades federais.  De forma indevida quanto ao encaminhamento dos processos criminais que mostram um claro direcionamento político, a justiça e seu novo layout mostram cada vez mais um roteiro pré-definido quanto aos fatos, antes de os mesmos serem avaliados.

A atual conjuntura política tem de ser debatida, antes mesmo de mergulharmos no “núcleo central” da justiça anticorrupção. O cenário de impopularidade do governo Dilma Rousseff serviu de alavanco para, talvez, um dos maiores erros das casas Legislativa e do Senado. O afastamento da ex-presidente foi um combinado de fatores – que se tornaram públicos até de forma indevida, com o vazamento de áudios telefônicos dela com o ex-presidente Lula.

As ruas se encheram de pessoas pedindo o Impeachment da então presidente, mas esta situação foi alicerçada por um “boom” de informações e coberturas das mídias nacionais e regionais.

Inclusive, quando o ex-presidente Lula foi convocado a depor, houve cobertura ao vivo em rede nacional, desenhando um tom de prisão imediata, que na verdade estava – e continua a estar – longe de ser um fato.

A considerada maior ação policial do Brasil que vem abalando a nossa estrutura política nacional, a Lava-Jato, tem alguma deturpação quanto a seus fins. Como descrito em entrevista de Rogério Arantes, em coluna para o El País (publicada pelo jornalista André de Oliveira em 24 de setembro de 2016), é um modelo de pirâmide que começa através de empreiteiras, diretores da Petrobrás e vai se afunilando até o topo. Este topo tem o nome de Luís Inácio Lula da Silva.

Sim, este modelo de fiscalização e procura caça a corrupção nacional, tem um único alvo no topo. Ou seja, a construção dos fatos e seu encaminhamento não se devem pelo resultado de toda investigação. Os fatos parecem ser seletivos, estruturados para chegar ao seu fim pré-moldado. E isto não deve ser feito.

O circo montado desde os primórdios da acusação à Dilma Rousseff serviu apenas para alimentar a sensação de criminalidade que o governo do PT continha. Veja bem, sensação. Não os fatos. A votação que também teve seu apelo midiático em um grande trabalho de assessoria de imprensa – foi transmitido tudo ao vivo pelas principais emissoras – cumpriu seu papel para o convencimento de grande parte das pessoas de que o resultado da anticorrupção passava única e exclusivamente por um só partido.

Pegamos como exemplo a prisão do ex-governador Garotinho, de norte a sul o povo aplaude o espetáculo da prisão e humilhação, sem mesmo saber qual acusação o levou a suposta prisão!

Por fim, a análise dos fatos se devem única e exclusivamente por uma condução direcionada do MP, que de certa forma ultrapassa os limites do bom senso e da mínima inteligência das pessoas. O Legislativo e o senado se mostram alinhados com este pensamento, passando pela autorização do STF em dar mais liberdade ao MP do que de fato, poderia ser dado. A conciliação de tantas instituições públicas com um só objetivo faz que com enxerguemos bruxas de Halloween em pleno carnaval.

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