A pandemia do coronavírus fez subir em 132% o número de mortes cardiovasculares no Brasil. É o que aponta a pesquisa realizada pelas universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com o Hospital Alberto Urquiza e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O levantamento foi realizado em seis capitais: Belém (PA), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Recife (PE). O maior aumento foi constatado em Manaus, 126%, e o menor em São Paulo, com 31%.
Na comparação entre março e maio de 2019 e o mesmo período de 2020, as mortes por doenças cardiovasculares não especificadas, infartos e AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) chegaram a aumentar em 132% em Manaus, 126% em Belém, 87% em Fortaleza, 71% em Recife, 38% no Rio de Janeiro e 31% em São Paulo.
Mesmo antes da pandemia, as doenças cardiovasculares já eram apontadas como a principal causa de morte no Brasil. De acordo com a SBC, são mais de 1100 mortes por dia, o que dá uma morte a cada 90 segundos, por isso, o médico alerta que, mesmo com a chegada da vacina, é essencial que a população mantenha os cuidados com a saúde.
Além disso, muitos pacientes não mantiveram o acompanhamento de doenças, como diabetes e hipertensão, por medo do contágio da Covid-19. Para se ter uma ideia, a instituição, que é referência em cardiologia, registrou queda de mais de 40% no número de exames realizados desde o início da pandemia.
Segundo os autores do estudo, grande parte do problema surge também da diminuição da frequência do acompanhamento de doenças durante a pandemia. Muitos pacientes deixaram de procurar hospitais, fazer exames, consultas e até mesmo cirurgias por conta do medo do contágio pela Covid-19.
O cardiologista Gustavo Lenci, alerta que os maiores índices de crescimento ocorreram nas cidades em que o sistema de saúde entrou em colapso ou chegou perto de colapsar. “Embora a COVID-19 tenha acometimento cardiológico, pelo recorte do local onde a pesquisa foi realizada, talvez seja mais correto afirmarmos que foi por falta de acesso da população ao sistema de saúde do que propriamente efeitos da doença”, ressalta.
“Para evitar problemas cardíacos, é fundamental ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos regularmente e não fumar. Enfim, as pessoas precisam se conscientizar e cortar os hábitos nocivos à saúde”, frisa Lenci.